|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
UBS deve ser investigado por omitir perda
Procuradoria considera investigação para saber se banco deixou de informar prejuízos com "subprime"
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Não bastasse ser o banco europeu com as maiores perdas
com a crise financeira -mais
de US$ 40 bilhões-, o suíço
UBS também poderá ter que
acertar contas com a Justiça.
A Procuradoria suíça considera a abertura de uma investigação para saber se o banco
omitiu de seus clientes informações sobre os prejuízos com
o "subprime", as hipotecas
americanas de alto risco que
detonaram a crise mundial.
É mais uma dor de cabeça para o maior banco da Suíça, que
há dez dias recebeu uma ajuda
bilionária do governo. Mas o
pacote de US$ 60 bilhões, que
passou para as mãos do governo os chamados "ativos tóxicos" que o UBS possuía, não interrompeu a sangria de depósitos do banco, causando preocupação no mercado.
Agora, a Justiça quer saber se
o banco poderia ter feito mais
para proteger seus clientes. O
procurador Andreas Ochsenbein contou ao jornal "Sonntag
Zeitung" que está em contato
com dirigentes do UBS para saber se foram descumpridas regras de transparência. "A Procuradoria para crimes econômicos observa com grande
atenção os acontecimentos ligados ao subprime", disse.
Além da ocultação de resultados negativos, os procuradores investigam outras suspeitas
de falhas cometidas pelos operadores do UBS. Ochsenbein
disse que as conversas com os
executivos do banco não constituem interrogatórios e que
por enquanto estão sendo examinados somente dados "de
domínio público".
Segundo o "Sonntag", a Procuradoria deve decidir se abre
uma investigação em uma semana. O jornal afirma que os
procuradores examinam declarações de altos dirigentes do
UBS que depois se revelaram
incorretas. A Justiça suíça considera crime o fornecimento de
dados falsos ou incompletos sobre investimentos, com pena
prevista de três anos de prisão.
A abertura de uma investigação abalaria ainda mais a imagem de um gigante que tenta se
reerguer. Segundo um dos mais
respeitados especialistas em
bancos da Suíça, a prioridade
agora é conter a fuga de recursos. "Até agora não há sinais de
que os bancos suíços não sejam
seguros. Mesmo o UBS, que sofreu forte pressão na Bolsa, é
ainda um dos mais capitalizados entre os bancos internacionais", disse Beat Bernet.
"Mas o UBS está perdendo
clientes mesmo depois do pacote do governo. Se isso continuar, nos próximos dias pode
se transformar em uma séria
ameaça ao banco e levar a uma
fusão internacional". Assim como outros analistas, Bernet
têm dúvidas sobre a eficácia do
pacote do governo. "Ele manda
sinais positivos e negativos em
relação à solidez e à estabilidade do UBS." Para ele, "o fato de
o banco ter pedido ajuda é sinal
de que teve problemas nas duas
semanas de outubro".
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Crise pode alterar fusão da InBev e Anheuser
Índice
|