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Otimismo da indústria é o supera o pré-crise
Nível de confiança de 1.418 empresas, medido pela CNI, é o maior em quase 5 anos e abre caminho para volta de investimentos
Retomada de exportadoras, porém, é incerta, e o câmbio ameaça, diz setor; empresas de limpeza e perfumaria
são as mais confiantes
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A certeza da recuperação da
economia e o otimismo em relação aos próximos meses têm
alavancado a confiança do empresariado, determinante para
a decisão de retomar os investimentos. Tanto que o Icei (Índice de Confiança do Empresariado Industrial), medido trimestralmente pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), superou já em outubro o
pico de euforia registrado no
período de crescimento econômico anterior à crise.
Em uma escala na qual valores acima de 50 pontos significam otimismo, o indicador chegou a 65,9 pontos ao fim do terceiro trimestre, a melhor marca desde janeiro de 2005, quando atingiu 66,2 pontos.
"O otimismo cresceu bastante. O grande diferencial foi o
empresariado voltar a sentir
que a economia entrou no eixo", avalia o gerente-executivo
da Unidade de Pesquisa da
CNI, Renato Fonseca.
Desde janeiro, quando o Icei
em 47,4 pontos demonstrava
pessimismo, a melhora das
perspectivas dos industriais em
relação à economia se traduziu
em um aumento de 18,5 pontos.
"O setor exportador ainda tem
problemas, mas se pode dizer
que, em termos de demanda, o
mercado doméstico já está recuperado", explica Fonseca.
Segundo ele, o estado de espírito do empreendedor mostra
que existe disposição para investir, contratar e comprar matérias-primas. "Esse movimento é fundamental, porque alimenta o ciclo econômico."
Para o economista da Unicamp Júlio Gomes de Almeida,
os investimentos são fundamentais para que não haja um
rompimento da atual política
monetária, uma vez que o Banco Central pode voltar a subir
os juros em caso de pressões inflacionárias. "Em geral, euforia
em economia sempre dá confusão, mas, nesse caso, ela é extremamente positiva", analisa.
Pela primeira vez desde o início da crise, todos os 27 segmentos industriais acompanhados pela pesquisa apresentaram uma avaliação otimista.
O setor de limpeza e perfumaria é o mais confiante, com índice em 73 pontos, enquanto
apenas as indústrias de couro,
madeira e refino de álcool ficaram abaixo dos 60 pontos.
Entre as 1.418 empresas pesquisadas, as de maior porte
apresentaram o melhor resultado, com 68,1 pontos, enquanto as micro e pequenas cuja recuperação é puxada pelas
maiores, das quais são fornecedoras, mantêm uma confiança
5 pontos menor.
Para Fonseca, no entanto,
após chegar a um patamar tão
elevado, o indicador deve arrefecer mais nos próximos trimestres, sem deixar o nível de
otimismo. "Quando você chega
ao fundo do poço, só consegue
olhar para cima esperando voltar a subir. Quando começa a
reação, é normal o otimismo
bater lá em cima", completa.
Dúvidas
Mesmo diante dessa confiança, há questões que ainda preocupam a indústria. Para José
Rubens de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo, a valorização
do real em relação ao dólar e o
peso dos tributos no custo da
mão de obra são fatores preocupantes de redução da competitividade da indústria. "É otimista de fato as perspectivas do
mercado interno, mas, para os
exportadores, a situação não
está tão boa assim. O mercado
externo não se recuperou e,
além disso, tem o problema
cambial", diz De la Rosa.
Para o diretor do Departamento de Competitividade e
Tecnologia da Fiesp (entidade
das indústrias paulistas), José
Ricardo Roriz Coelho, o otimismo do empresariado está relacionado à melhoria da oferta de
crédito, ao reaquecimento do
mercado interno, à expectativa
de alta de 4% a 5% do PIB em
2010 e à retomada do investimento. O câmbio é um dilema.
"É difícil fixar preços diante
de uma volatilidade cambial
tão grande. O mercado melhorou, mas temos altos custos tributários, um dos "spreads" bancários mais altos do mundo e
uma taxa de câmbio que varia
muito", diz Roriz Coelho.
Colaborou AGNALDO BRITO, da Reportagem Local
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