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agrofolha
Clima e supersafra vão definir preço da soja
Chuva e antecipação da temporada de neve nos Estados Unidos atrasam a colheita; na América do Sul, chuvas retardam o plantio
Mas, se o clima ajudar, virá um segundo problema: uma supersafra mundial de 245 milhões de toneladas, que poderá derrubar os preços
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A soja sempre ganha um tradicional componente de incerteza no segundo semestre: o
chamado "mercado do clima".
Primeiro, o setor fica atento a
eventuais problemas na safra
dos Estados Unidos. Em seguida, a preocupação se estende
ao plantio na América do Sul.
Esse "mercado de clima" está
bastante acentuado neste ano.
A safra dos EUA, o principal
produtor, arrasta-se e será uma
das mais longas em 30 anos. Os
empecilhos vão desde o excesso
de chuva à antecipação da temporada de neve. Já na América
dos Sul, o plantio não evolui devido ao excesso de chuva.
Mas, mesmo após resolvida a
questão do plantio, outro problema preocupa os produtores.
A região poderia sofrer os efeitos não de um "El Nino" clássico, que traria chuvas para a lavoura, mas os de um "El Nino
Modoki", que traria seca.
"Se esse novo modelo climático se confirmar, será uma
péssima notícia para gaúchos e
para paranaenses", diz Fernando Muraro, da Agência Rural.
Ele lembra que essa região já
sofreu forte quebra de produção em 2008/9, devido à seca.
Supersafra
Mas não é só o clima que
preocupa os produtores, diz
Muraro. A área mundial semeada com soja somará 101 milhões de hectares, promovendo
uma safra recorde. Se as condições climáticas forem boas, o
volume colhido poderá atingir
245 milhões de toneladas.
Aí a preocupação passa a ser
com os preços, já que os estoques mundiais seriam repostos
e subiriam para 55,7 milhões de
toneladas, o segundo maior volume da história.
A febre pela soja se deu porque os preços do produto estão
bem mais favoráveis aos produtores do que os do milho, principal competidor da oleaginosa.
Os dados mais recentes do
Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) mostram
que, após os EUA terem semeado 31 milhões de hectares, será
a vez de Brasil (22,5 milhões) e
Argentina (19 milhões) aumentarem substancialmente a área.
Com tanta área semeada, os
dados de safra tomam contornos de supersafra. Os EUA devem produzir 88,5 milhões de
toneladas, Já o Brasil deverá
atingir 64,7 milhões de toneladas, segundo a consultoria Céleres. No caso argentino, a supersafra iria para 53 milhões de
toneladas, apurou a AgRural.
Uma das esperanças dos produtores para a sustentação dos
preços é o apetite chinês. Neste
mês, as importações chinesas
deverão somar 2,34 milhões de
toneladas, o mesmo volume
previsto para novembro, segundo a Reuters.
Evolução
Os números da AgRural, da
Céleres e da Safras & Mercado
indicam que um quinto da safra
brasileira já foi semeado. Mato
Grosso segue na dianteira, com
37%, segundo do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). No ano passado, estava em 30%.
Em algumas áreas do Estado,
como Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sapezal, o plantio já atinge 70%, segundo o instituto.
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