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ESPETÁCULO EM XEQUE
Indústria se recupera, mas PIB e consumo das famílias menores podem comprometer vendas
Empresas temem encalhe da produção
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento de 2,7% do PIB
industrial no terceiro trimestre
deste ano na comparação com o
trimestre anterior e de apenas
0,4% do PIB brasileiro no mesmo
período levantou a seguinte questão: será que tudo o que indústria
produziu de julho a setembro para atender a demanda do comércio será adquirido pelos consumidores neste final de ano?
Como o crescimento do PIB do
segundo para o terceiro trimestre
foi de apenas 0,4%, ante expectativa de expansão de até 2,4%, alguns empresários se decepcionaram. As vendas para o Natal, dizem, são agora uma incógnita
maior do que eram antes da divulgação do desempenho da economia no terceiro trimestre.
"Estamos num momento delicadíssimo da economia. Se as
vendas no final do ano não forem
boas, como se chegou a prever
por causa da retomada de alguns
setores, a produção industrial
corre o risco de desabar no início
do ano que vem", diz Julio Gomes
de Almeida, diretor-executivo do
Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
Segundo ele, os números do IBGE mostram que a indústria e o
comércio acreditaram na recuperação da economia no fim do ano.
Após dois trimestres seguidos de
queda -2% no primeiro trimestre e 3,7% no segundo-, a indústria foi o único setor a apresentar
um bom desempenho de julho a
setembro deste ano na comparação com o trimestre anterior. Sobre igual período do ano passado,
ainda há uma queda de 1,6%.
"O que é relevante [na comparação trimestre a trimestre] é que
a produção da indústria já apresenta resultado positivo", diz Roberto Olinto, gerente das Contas
Nacionais Trimestrais do IBGE.
De acordo com o IBGE, as indústrias de transformação e extrativa mineral tiveram melhor
desempenho no período. O setor
de construção civil não reagiu.
Além de o PIB ter crescido apenas 0,4%, outro dado preocupa os
empresários: a retração do consumo das famílias, em queda nos últimos quatro trimestres. "Se famílias compram menos, a indústria
e o comércio não têm como reagir", diz Clarice Messer (Fiesp).
As fábricas, na análise de Messer, investiram para dar conta de
encomendas do exterior e trocar
equipamentos. Os investimentos
para aumentar capacidade produtiva -mais capazes de criar
novos empregos- continuam
parados. "O aumento dos investimentos identificado pelo IBGE no
terceiro trimestre deste ano não
indica que eles vão voltar com força a partir de agora", afirma.
O crescimento de 2,7% do PIB
industrial, na análise de Synésio
Batista da Costa, presidente da
Abrinq, associação que reúne os
fabricantes de brinquedos, não
quer dizer muita coisa. "Se o consumidor não compra, não adianta
a indústria produzir mais."
Alguns empresários, diz ele, esperavam crescimento de 2% do
PIB do terceiro trimestre deste
ano. "Se o Natal não for bom, as
indústrias vão virar o ano com as
finanças comprometidas", diz.
Se depender das estimativas da
Federação do Comércio do Estado de São Paulo, as indústrias vão
começar mal 2004. A previsão é
que o consumo vá ser igual ou um
pouco melhor do que em 2002.
Com Chico Santos, da Sucursal do Rio
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