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CONSOLO
Ministro e Meirelles dizem que economia se recuperará do tombo do 3º tri
Palocci promete a Lula PIB
de 5% na véspera da eleição
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, e o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, prometeram ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva que a
economia crescerá a uma taxa
anualizada de 5% na hora em que
o candidato Luiz Inácio Lula da
Silva mais precisará: entre abril e
setembro de 2006, o período da
campanha eleitoral.
Essa promessa foi feita na noite
da última segunda-feira, dia 21,
quando Lula e Palocci tiveram a
decisiva conversa na qual o presidente disse ao ministro da Fazenda que não permitiria sua saída
do governo e lhe assegurou que
autorizaria um esforço fiscal
maior em 2005. Meirelles participou de parte dessa reunião.
Lula demonstrou preocupação
com a notícia de que a economia
estava em processo de desaceleração. Citou especificamente a previsão de que o PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no país) apresentará resultado ruim no terceiro trimestre. Esse dado será divulgado na próxima quarta-feira. O
mercado prevê recuo de até 0,5%.
Palocci e Meirelles disseram que
essa queda era resultado da combinação do efeito negativo da crise política sobre a atividade econômica e um reflexo tardio do
processo de alta da taxa básica de
juros (Selic) que teve início em setembro de 2004.
Naquele mês, a Selic foi elevada
de 16% para 16,25%. A taxa subiu
até maio de 2005, quando atingiu
19,75%. E começou a cair somente em setembro. Na última quarta-feira, em nova decisão de queda, a Selic ficou em 18,50% ao ano.
Passado
Palocci e Meirelles disseram que
o resultado do terceiro trimestre
deste ano seria "uma fotografia
do passado". O presidente do
Banco Central disse que o quarto
e último trimestre do ano apresenta "forte" sinal de crescimento. Meirelles estimou alta de 1%
no último trimestre, o que equivaleria a um crescimento anualizado "próximo de 4%".
Tanto Palocci como Meirelles
avaliaram que a crise política já
havia feito o estrago possível na
economia. Disseram que, a partir
deste fim de ano, haverá forte aceleração da atividade econômica,
com pico entre os meses de abril e
setembro.
Em abril, os partidos definem os
candidatos. Em setembro, acontece o horário eleitoral gratuito, a
principal fase da disputa.
O ministro da Fazenda disse
que, em 2006, não procurará fazer
um superávit primário maior do
que a meta oficial de 4,25% porque não será preciso devido ao
atual processo de queda dos juros
e de crescimento do PIB. Foi
quando Palocci pediu a autorização do presidente para fazer um
superávit maior do que 4,25%
neste ano.
Dívida sob controle
A preocupação de Palocci e
Meirelles é manter sob controle a
relação entre a dívida pública e o
PIB. Hoje, a dívida equivale a
51,4% do PIB. Disseram que seria
necessário um superávit maior
neste ano para garantir um menor em 2006.
Lula prometeu a Palocci que o
superávit maior será autorizado.
Isso foi fundamental para o ministro da Fazenda desistir de sair
do governo e dizer no dia seguinte, em depoimento na Câmara,
que tinha apoio de Lula para a sua
política econômica.
Apesar de negar, Lula já decidiu
ser candidato, como antecipou a
Folha em outubro. O presidente,
em viagem a Portugal e Itália, disse aos políticos de partidos de esquerda daqueles países que disputaria a reeleição.
No último dia 18, em entrevista
a rádios, o presidente admitiu que
seria candidato, mas depois afirmou que cometera um lapso.
Na reunião com Lula, Meirelles
e Palocci argumentaram que o envio de um projeto ao Congresso
que fixe o superávit primário em
4,25% do PIB durante um longo
período (disseram dez anos) criaria expectativa econômica positiva em 2006 que favoreceria os planos eleitorais de Lula e do PT, minando a oposição.
Autonomia do BC
Meirelles voltou a argumentar
que o envio de um projeto de lei
que conferisse autonomia ao Banco Central também contribuiria
para esse clima econômico pró-reeleição. Lula viraria de vez o herói do mercado.
O presidente, porém, tem dúvida em relação à conveniência de
abraçar essa proposta. Acha que
deu autonomia demais ao BC e
que teve de fazer sacrifícios além
da conta.
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