|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Melhora dos governos turbina empresas
Estudo de agência de "rating" Fitch mostra que avanço nas notas de companhias está ligado a melhora da nota do país
"O risco-país é um fator dominante nas mudanças de notas de bancos e empresas nos mercados emergentes", diz relatório
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As condições de financiamento para as empresas de países emergentes no mercado internacional melhoraram nos
últimos quatro anos. Há dinheiro sobrando no mundo e os
investidores consideram menos arriscado investir em papéis de companhias do mundo
emergente. Mas, mais que uma
mudança do desempenho das
empresas, que, sim, ocorreu, a
melhora na avaliação das companhias é explicada pelo desempenho dos governos, sugere estudo da Fitch.
Analisando mais de mil mudanças de notas de avaliação de
risco que fez entre 2002 e 2005,
a agência de classificação de
risco afirma que 59% das mudanças nos casos de bancos que
operam em países emergentes
foram relacionadas a mudança
na nota do país em que eles
operam. No caso das empresas,
a proporção é de 60%. "O risco-país é um fator dominante nas
mudanças de notas de bancos e
empresas nos mercados emergentes", diz o relatório.
Uma nota de avaliação de risco é basicamente uma opinião
da agência sobre qual é a capacidade de o devedor -seja uma
empresa privada ou um país-
pagar as suas dívidas. Na prática, ela dá um sinal ao mercado
sobre qual o risco associado a
emprestar para aquele país ou
companhia, o que influencia as
condições de financiamento:
quanto maior o risco de um negócio, mais altas as taxas de juros cobradas pelos credores.
No mundo emergente, mostram os dados da agência, a tendência em todo o período foi de
melhora líquida nas notas. Trocando em miúdos, houve muito
mais elevações -ou "upgrades", no jargão do mercado financeiro-, do que reduções, ou
"downgrades". "Enquanto o
balanço anual entre elevações e
quedas de notas se moveu de
fortemente negativo para modestamente positivo nos mercados desenvolvidos, o balanço
para os mercados emergentes
em cada um dos quatro anos
tem sido fortemente positivo."
Entre 2002 e 2005, a Fitch
fez 81 elevações de notas soberanas, que são aquelas atribuídas a papéis emitidos por governos nacionais. No mesmo
período, foram rebaixadas as
notas de 27 papéis. Ou seja, os
"upgrades" corresponderam ao
triplo dos "downgrades", o que
sugere uma melhora significativa do desempenho dos países.
A melhora, claro, depende do
desempenho de cada país, mas
em geral, desde 2002, as condições de financiamento externo
para o mundo emergente têm
sido positivas, com os países
exportando mais, acumulando
reservas e adotando políticas
fiscais, em menor ou maior
grau, mais rígidas.
É claro que não são apenas as
condições dos países que influenciam na avaliação de risco
das empresas. As agências analisam desempenho financeiro
da empresa e sua posição estratégica no mercado onde atua.
Entre 2002 e 2005, por
exemplo, mudanças nas condições financeiras e de negócios
das empresas causaram 30%
das alterações de notas de bancos que operam em países
emergentes. No caso das empresas, a proporção foi de 33%.
O quadro é muito diferente
no mundo desenvolvido. Lá as
finanças e as estratégicas das
companhias e a influência do
desempenho de empresas ligadas a elas explicam grande parte das melhoras ou das pioras
nas notas de avaliação de risco.
Nos países desenvolvidos, com
exceção dos EUA, excluídos do
levantamento da Fitch, a mudança de risco soberano influenciou apenas 3% das quedas ou elevações de notas dos
bancos. No caso das empresas,
a influência ainda é menor,
apenas 1% das notas mudaram.
Texto Anterior: Brasil continua a ter a maior taxa real do mundo Próximo Texto: Dicas Folhainvest: Corretora sugere investir nos papéis da Eletrobrás Índice
|