São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 2006

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Melhora dos governos turbina empresas

Estudo de agência de "rating" Fitch mostra que avanço nas notas de companhias está ligado a melhora da nota do país

"O risco-país é um fator dominante nas mudanças de notas de bancos e empresas nos mercados emergentes", diz relatório

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As condições de financiamento para as empresas de países emergentes no mercado internacional melhoraram nos últimos quatro anos. Há dinheiro sobrando no mundo e os investidores consideram menos arriscado investir em papéis de companhias do mundo emergente. Mas, mais que uma mudança do desempenho das empresas, que, sim, ocorreu, a melhora na avaliação das companhias é explicada pelo desempenho dos governos, sugere estudo da Fitch.
Analisando mais de mil mudanças de notas de avaliação de risco que fez entre 2002 e 2005, a agência de classificação de risco afirma que 59% das mudanças nos casos de bancos que operam em países emergentes foram relacionadas a mudança na nota do país em que eles operam. No caso das empresas, a proporção é de 60%. "O risco-país é um fator dominante nas mudanças de notas de bancos e empresas nos mercados emergentes", diz o relatório.
Uma nota de avaliação de risco é basicamente uma opinião da agência sobre qual é a capacidade de o devedor -seja uma empresa privada ou um país- pagar as suas dívidas. Na prática, ela dá um sinal ao mercado sobre qual o risco associado a emprestar para aquele país ou companhia, o que influencia as condições de financiamento: quanto maior o risco de um negócio, mais altas as taxas de juros cobradas pelos credores.
No mundo emergente, mostram os dados da agência, a tendência em todo o período foi de melhora líquida nas notas. Trocando em miúdos, houve muito mais elevações -ou "upgrades", no jargão do mercado financeiro-, do que reduções, ou "downgrades". "Enquanto o balanço anual entre elevações e quedas de notas se moveu de fortemente negativo para modestamente positivo nos mercados desenvolvidos, o balanço para os mercados emergentes em cada um dos quatro anos tem sido fortemente positivo."
Entre 2002 e 2005, a Fitch fez 81 elevações de notas soberanas, que são aquelas atribuídas a papéis emitidos por governos nacionais. No mesmo período, foram rebaixadas as notas de 27 papéis. Ou seja, os "upgrades" corresponderam ao triplo dos "downgrades", o que sugere uma melhora significativa do desempenho dos países. A melhora, claro, depende do desempenho de cada país, mas em geral, desde 2002, as condições de financiamento externo para o mundo emergente têm sido positivas, com os países exportando mais, acumulando reservas e adotando políticas fiscais, em menor ou maior grau, mais rígidas.
É claro que não são apenas as condições dos países que influenciam na avaliação de risco das empresas. As agências analisam desempenho financeiro da empresa e sua posição estratégica no mercado onde atua.
Entre 2002 e 2005, por exemplo, mudanças nas condições financeiras e de negócios das empresas causaram 30% das alterações de notas de bancos que operam em países emergentes. No caso das empresas, a proporção foi de 33%.
O quadro é muito diferente no mundo desenvolvido. Lá as finanças e as estratégicas das companhias e a influência do desempenho de empresas ligadas a elas explicam grande parte das melhoras ou das pioras nas notas de avaliação de risco. Nos países desenvolvidos, com exceção dos EUA, excluídos do levantamento da Fitch, a mudança de risco soberano influenciou apenas 3% das quedas ou elevações de notas dos bancos. No caso das empresas, a influência ainda é menor, apenas 1% das notas mudaram.


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