|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CMN libera estatal para buscar mais crédito no país
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em mais um passo para reforçar o caixa da Petrobras, o
governo federal liberou ontem
as empresas do grupo a buscarem financiamento no BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e
em outros bancos no Brasil,
sem limite de endividamento.
A medida foi tomada por causa da escassez de crédito no
mercado internacional, onde a
estatal busca empréstimos, o
que seria intensificado para explorar o petróleo na camada do
pré-sal. "Esse limite foi flexibilizado para que se possa buscar
financiamento no mercado interno, para fazer frente às restrições no mercado externo [de
crédito]", afirmou o secretário-adjunto do Tesouro Nacional,
Cléber Ubiratan.
Ele lembrou que, mesmo
com a possibilidade de se endividar mais, a Petrobras não está
liberada de cumprir as metas
fiscais do governo. Os lucros e
dividendos das estatais são usados para aumentar o superávit
primário (economia para pagar
os juros da dívida pública). Neste ano, a meta da Petrobras é de
R$ 12,685 bilhões. Em nota enviada à Folha, a Petrobras elogia a medida, mas diz que não
quer dizer que a empresa vá aumentar o endividamento.
A Transpetro -subsidiária
integral da Petrobras- também será beneficiada com a
medida. A empresa tinha limite
de financiamento de R$ 5,6 bilhões no mercado interno, mas
só com o BNDES já tomou R$
5,078 bilhões em empréstimos.
O projeto de construção de
49 navios para renovar a frota
da Transpetro foi feito antes da
descoberta do pré-sal. Desse
total, o governo já licitou 23.
Portanto, a demanda por novas
embarcações vai aumentar, assim como a necessidade de acelerar a construção das embarcações já previstas no PAC.
Com a descoberta de petróleo no pré-sal, a programação
de investimentos da empresa é
de US$ 112,4 bilhões até 2012.
O valor corresponde a cerca de
quatro vezes os investimentos
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com recursos do Orçamento.
Por causa da crise econômica, a Petrobras está revendo esse valor a ser investido a partir
do ano que vem. Mesmo que
decida fazer cortes, o BNDES
não terá capacidade de arcar
com todo o valor necessário. O
banco só pode oferecer R$ 12
bilhões porque está impedido
legalmente de emprestar mais
do que 25% do seu patrimônio
de referência a um só grupo.
Fim de restrições
Desde 2001 até o mês passado, a Petrobras não podia tomar empréstimos no país. Em
outubro, o governo fixou limite
de R$ 8 bilhões, que não serão
suficientes para seu plano de
investimento.
Pelo último balanço da empresa, a dívida total é de R$ 41,9
bilhões, valor que inclui contratos de leasing. Com o
BNDES, a dívida é de US$ 3,2
bilhões, de financiamentos tomados antes de 2001, quando o
governo federal impôs a limitação de crédito às estatais para
garantir o cumprimento das
metas de superávit primário.
Texto Anterior: Petrobras recorreu à Caixa para obter crédito de R$ 2 bi Próximo Texto: Paulo Nogueira Batista Jr.: O FMI na crise Índice
|