São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Aumento das tarifas públicas será de 13%, prevê diretoria

BC espera aumento de 30% na energia elétrica em 2003

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As tarifas de energia elétrica devem subir 30,3% no ano que vem, segundo estimativa feita pelo Banco Central. Um reajuste dessa magnitude se explica, de acordo com o BC, pelo aumento do IGP-M, índice que corrige a maioria dos contratos do setor.
A projeção consta da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) da semana passada, quando os juros básicos da economia foram elevados de 22% para 25% ao ano. Foi a última reunião sob a gestão de Armínio Fraga.
Até o mês passado, o BC esperava reajuste de 27% para as tarifas de energia em 2003. A justificativa para a mudança nessa estimativa foi "a revisão das expectativas acerca do IGP-M, importante componente no reajuste das tarifas de energia", segundo o documento.
O índice serve como parâmetro para o reajuste das tarifas cobradas pelas distribuidoras de energia elétrica, que acontece a cada 12 meses.
Pesquisa feita pelo BC entre bancos e empresas de consultoria aponta que, no mercado, a expectativa é que o IGP-M suba 14,9% em 2003.
Neste ano, o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) fechou com alta de 25,31%, a maior desde a criação do Plano Real, informou a FGV (Fundação Getúlio Vargas), ontem.
O reajuste previsto para as tarifas públicas é uma das principais fontes de pressão sobre a inflação e deve tornar quase impossível o cumprimento da meta fixada pelo atual governo para 2003.
Na realidade, as chamadas tarifas públicas -que incluem também o preço dos combustíveis- respondem de maneira muito direta a eventuais desvalorizações do real.
O IGP-M é um índice composto de preços bastante sensíveis a variações do câmbio, e, como seu uso como indexador das tarifas está previsto nos contratos, o governo tem pouco a para conter seu impacto na inflação.

Tarifas públicas
Ao todo, o conjunto de tarifas públicas deve sofrer aumento de 13,04% no ano que vem, o que equivale a uma alta de 3,6 pontos percentuais no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2003.
A meta estipulada pelo governo é de elevação de 4%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Ou seja, o aumento esperado para as tarifas públicas corresponde a mais da metade dos 6,5% máximos previstos pela meta do governo. Na ata da reunião da semana passada, o próprio BC admite que a inflação de 2003 vai ficar "significativamente acima" desses 6,5%. Essa foi uma das principais razões, inclusive, para o aumento na taxa de juros -uma tentativa de esfriar a demanda.
Para o preço dos combustíveis, o BC é um pouco mais otimista. A previsão é que, no caso do gás de cozinha, o aumento chegue a 2% em 2003. Já o preço da gasolina, nas contas do BC, deve recuar 3,8% ao longo do ano que vem.
Em tese, isso aliviaria um pouco a pressão sobre a inflação. As projeções, porém, não consideram o impacto do aumento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), esperado para 2003.
A Cide é um tributo cobrado sobre o preço dos combustíveis. A Câmara dos Deputados já aprovou o aumento do teto dessa contribuição, que passou de R$ 0,50 para R$ 0,86 por litro de gasolina.
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, deve baixar um decreto mantendo o valor em R$ 0,50. O BC estima que o aumento da Cide será responsável por uma elevação de um ponto percentual no IPCA de 2003.
"Em um ambiente de deterioração das expectativas, inflação ascendente e recuperação da atividade econômica, aumenta-se a probabilidade de reajustes de preços, o que dificulta a convergência das expectativas para um nível mais consistente com as metas", diz a ata da reunião do Copom.
Para este ano, a meta para a inflação é de 3,5%, com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Entre janeiro e novembro, porém, o IPCA já havia subido 10,22%.


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