São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

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COMÉRCIO

Cerca de 45% das vendas foram feitas com cartão de crédito; ritmo das compras despencou às vésperas do Natal

Consumidor se endivida e compra pouco

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O cenário com ruas cheias de consumidores às vésperas das festas natalinas não resultou em mais vendas. Os números saíram ontem: nos últimos dias antes do Natal -de 21 a 24- o faturamento real (descontada a inflação) do comércio no Estado de São Paulo subiu 2,56% -a menor expansão no mês em comparação à receita verificada nas semanas anteriores. De 14 a 20 deste mês o aumento foi maior, de 2,76% em relação a 2001.
Nas duas semanas anteriores, de 1º a 6 e de 7 a 13 de dezembro, as elevações foram de 6,41% e de 5,21%, respectivamente, informa a Fecomércio/SP, que representa o varejo no Estado de São Paulo.
Quase metade dos consumidores (45,74%) usou o cartão de crédito, conforme a Folha antecipou na semana passada. E 21,28% pagou à vista. A taxa de pagamento no cartão é considerada alta pela federação, que apresentou os dados pela primeira vez neste ano.
No comércio paulista em geral, 18,7% das compras são feitas com o cartão e 42,3%, à vista.
Logo, ocorreu uma inversão. Os números mostram, portanto, que o consumidor só vai pagar essa conta a partir de janeiro. Ele pode quitar a dívida no cartão ou entrar no crédito rotativo -ir pagando a fatura do cartão aos poucos.
Se entrar no crédito rotativo, terá de arcar com juros altos cobrados pelas companhias donas dos cartões. As empresas cobram taxas de quem usa o cartão e só quita uma parcela da dívida.

Natal sem real
Pelos dados da federação, os maiores crescimentos nas vendas ocorreram na primeira quinzena de dezembro, ao contrário do que acontece historicamente no comércio no Natal.
A elevação acumulada nas vendas, que deve atingir 3,5% em dezembro, não chega a recompor a perda verificada durante o Natal em outros anos. E torna o dezembro de 2002 apenas o quinto melhor dezembro desde o início do Plano Real -perde para 1994, 1998, 1999 e 2000.
"O movimento de compras foi o contrário do de outros anos. O consumidor gastou logo o 13º salário, até por medo da disparada da inflação", diz André Shinohara, diretor comercial do site Submarino, de vendas pela internet.
Sem elevação na renda, com a expansão do desemprego e o repique inflacionário, o consumidor gastou os recursos que recebeu e, depois, puxou o freio de mão.


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