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COMÉRCIO
Cerca de 45% das vendas foram feitas com cartão de crédito; ritmo das compras despencou às vésperas do Natal
Consumidor se endivida e compra pouco
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O cenário com ruas cheias de
consumidores às vésperas das festas natalinas não resultou em
mais vendas. Os números saíram
ontem: nos últimos dias antes do
Natal -de 21 a 24- o faturamento real (descontada a inflação) do comércio no Estado de São Paulo subiu 2,56% -a menor
expansão no mês em comparação
à receita verificada nas semanas
anteriores. De 14 a 20 deste mês o
aumento foi maior, de 2,76% em
relação a 2001.
Nas duas semanas anteriores,
de 1º a 6 e de 7 a 13 de dezembro,
as elevações foram de 6,41% e de
5,21%, respectivamente, informa
a Fecomércio/SP, que representa
o varejo no Estado de São Paulo.
Quase metade dos consumidores (45,74%) usou o cartão de crédito, conforme a Folha antecipou
na semana passada. E 21,28% pagou à vista. A taxa de pagamento
no cartão é considerada alta pela
federação, que apresentou os dados pela primeira vez neste ano.
No comércio paulista em geral,
18,7% das compras são feitas com
o cartão e 42,3%, à vista.
Logo, ocorreu uma inversão. Os
números mostram, portanto, que
o consumidor só vai pagar essa
conta a partir de janeiro. Ele pode
quitar a dívida no cartão ou entrar
no crédito rotativo -ir pagando
a fatura do cartão aos poucos.
Se entrar no crédito rotativo, terá de arcar com juros altos cobrados pelas companhias donas dos
cartões. As empresas cobram taxas de quem usa o cartão e só quita uma parcela da dívida.
Natal sem real
Pelos dados da federação, os
maiores crescimentos nas vendas
ocorreram na primeira quinzena
de dezembro, ao contrário do que
acontece historicamente no comércio no Natal.
A elevação acumulada nas vendas, que deve atingir 3,5% em dezembro, não chega a recompor a
perda verificada durante o Natal
em outros anos. E torna o dezembro de 2002 apenas o quinto melhor dezembro desde o início do
Plano Real -perde para 1994,
1998, 1999 e 2000.
"O movimento de compras foi o
contrário do de outros anos. O
consumidor gastou logo o 13º salário, até por medo da disparada
da inflação", diz André Shinohara, diretor comercial do site Submarino, de vendas pela internet.
Sem elevação na renda, com a
expansão do desemprego e o repique inflacionário, o consumidor
gastou os recursos que recebeu e,
depois, puxou o freio de mão.
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