|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vendas à vista e de última hora puxam Natal
Resultado de 2006 foi melhor que o do ano passado, turbinado por juros menores de lojas e aumento da massa salarial
De 1º a 25 de dezembro,
expansão média nas
operações de vendas foi de
5,7% em São Paulo, mas
valor da compra foi baixo
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As operações de compra à
vista, ocorridas na véspera do
Natal, surpreenderam os varejistas e ajudaram a "derrubar"
as previsões menos otimistas
do comércio para o período
mais importante do ano. Na capital paulista, de 1º a 25 de dezembro, as vendas parceladas e
com pagamento no ato subiram
5,7% em média em relação ao
mesmo período de 2005, disse
ontem a ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
A expansão de 5,7% aconteceu em cima de uma alta de 4%,
ocorrida no Natal de 2005.
Em todo o país, a Serasa (que
centraliza informações de crédito) informou que, de 12 a 24,
de dezembro de 2006, a elevação média nas vendas foi de
5,4%. Segundo a Alshop, entidade que representa os lojistas
de shoppings no Brasil, as vendas de Natal nos shoppings aumentaram 5% sobre 2005.
O comando da ACSP previa
uma alta menor, de 4% a 5% em
média, nas operações do comércio até o dia 25 em São Paulo. Os dados superaram a taxa
prevista, como admitiram os
economistas da entidade ontem. "Foi uma surpresa. Isso
aconteceu por causa da venda à
vista, que subiu 7,5% no Natal.
Estimávamos algo como 6%,
6,5%", disse Emílio Alfieri, um
dos principais especialistas do
setor e economista da ACSP.
"Acreditamos que haverá
uma perda de velocidade na demanda até o final do mês, e o resultado de dezembro deverá ser
menor que a média verificada
no Natal", disse Marcelo Solimeo, economista da ACSP.
O "sprint" comprador aconteceu no fechar das lojas. No dia
24 de dezembro, as consultas
do comércio ao sistema SCPC
(para liberar as compras à prazo de clientes) cresceram
23,6% em relação a 2005. No
caso do UseCheque, para os negócios à vista, esse aumento foi
de 26,9% no dia anterior ao Natal. É uma taxa muito elevada:
as vendas diárias caminhavam
numa alta de um dígito.
Os dados das entidades do
comércio, como ACSP e Serasa,
não incluem a massa de operações com cartão de crédito e de
débito. Também não contabilizam a venda com dinheiro.
Mesmo com um desempenho acima do projetado, Guilherme Afif Domingos, presidente da ACSP e ex-candidato
ao Senado pelo PFL na última
eleição, criticou duramente a
política econômica do atual governo. Ele afirmou ontem em
almoço com a imprensa, antes
de ter os dados em mãos, que a
alta não passaria de 4% em dezembro - foi corrigido por técnicos da entidade, que informaram sobre a alta de mais de 5%
no mês. E disse que o mau momento do país é resultado de
um "aumento medíocre da renda per capita da população".
O que aconteceu neste Natal
tem explicação. Apesar de o endividamento da população estar elevado, as taxas de juros
nas principais lojas do país (como Casas Bahia) caíram nos últimos meses, houve aumento
de 5,7% na massa salarial em
2006 (até outubro), e aconteceu uma queda progressiva da
taxa de desemprego -a redução ocorre há seis meses.
A principal reclamação dos
dirigentes do comércio é que,
mesmo com o aumento no volume de transações nas lojas, as
vendas foram de produtos de
valores baixos. Com isso, o varejo faturou pouco, afirmam as
lojas- ainda não há dados sobre a receita com as vendas.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Liquidações pós-festa são limitadas Índice
|