São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

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Vendas à vista e de última hora puxam Natal

Resultado de 2006 foi melhor que o do ano passado, turbinado por juros menores de lojas e aumento da massa salarial

De 1º a 25 de dezembro, expansão média nas operações de vendas foi de 5,7% em São Paulo, mas valor da compra foi baixo

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As operações de compra à vista, ocorridas na véspera do Natal, surpreenderam os varejistas e ajudaram a "derrubar" as previsões menos otimistas do comércio para o período mais importante do ano. Na capital paulista, de 1º a 25 de dezembro, as vendas parceladas e com pagamento no ato subiram 5,7% em média em relação ao mesmo período de 2005, disse ontem a ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
A expansão de 5,7% aconteceu em cima de uma alta de 4%, ocorrida no Natal de 2005.
Em todo o país, a Serasa (que centraliza informações de crédito) informou que, de 12 a 24, de dezembro de 2006, a elevação média nas vendas foi de 5,4%. Segundo a Alshop, entidade que representa os lojistas de shoppings no Brasil, as vendas de Natal nos shoppings aumentaram 5% sobre 2005.
O comando da ACSP previa uma alta menor, de 4% a 5% em média, nas operações do comércio até o dia 25 em São Paulo. Os dados superaram a taxa prevista, como admitiram os economistas da entidade ontem. "Foi uma surpresa. Isso aconteceu por causa da venda à vista, que subiu 7,5% no Natal. Estimávamos algo como 6%, 6,5%", disse Emílio Alfieri, um dos principais especialistas do setor e economista da ACSP.
"Acreditamos que haverá uma perda de velocidade na demanda até o final do mês, e o resultado de dezembro deverá ser menor que a média verificada no Natal", disse Marcelo Solimeo, economista da ACSP.
O "sprint" comprador aconteceu no fechar das lojas. No dia 24 de dezembro, as consultas do comércio ao sistema SCPC (para liberar as compras à prazo de clientes) cresceram 23,6% em relação a 2005. No caso do UseCheque, para os negócios à vista, esse aumento foi de 26,9% no dia anterior ao Natal. É uma taxa muito elevada: as vendas diárias caminhavam numa alta de um dígito.
Os dados das entidades do comércio, como ACSP e Serasa, não incluem a massa de operações com cartão de crédito e de débito. Também não contabilizam a venda com dinheiro.
Mesmo com um desempenho acima do projetado, Guilherme Afif Domingos, presidente da ACSP e ex-candidato ao Senado pelo PFL na última eleição, criticou duramente a política econômica do atual governo. Ele afirmou ontem em almoço com a imprensa, antes de ter os dados em mãos, que a alta não passaria de 4% em dezembro - foi corrigido por técnicos da entidade, que informaram sobre a alta de mais de 5% no mês. E disse que o mau momento do país é resultado de um "aumento medíocre da renda per capita da população".
O que aconteceu neste Natal tem explicação. Apesar de o endividamento da população estar elevado, as taxas de juros nas principais lojas do país (como Casas Bahia) caíram nos últimos meses, houve aumento de 5,7% na massa salarial em 2006 (até outubro), e aconteceu uma queda progressiva da taxa de desemprego -a redução ocorre há seis meses.
A principal reclamação dos dirigentes do comércio é que, mesmo com o aumento no volume de transações nas lojas, as vendas foram de produtos de valores baixos. Com isso, o varejo faturou pouco, afirmam as lojas- ainda não há dados sobre a receita com as vendas.


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