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Indústria começa ano com o pé no freio
Índice novo elaborado pela Fiesp mostra que empresas do setor estão menos otimistas em janeiro do que em meses anteriores
Companhias iniciam 2007
com mais estoques do que previam devido à alta das importações; PAC pode gerar melhora em alguns setores
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O debate do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
não empolgou os empresários,
e há sinais de que a economia
começou o ano em ritmo lento.
As vendas da indústria estão
mais baixas, e os estoques, mais
altos do que o previsto para o
mês. E não há planos para elevar o emprego no setor.
É o que constata o Depecon
(Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos) da Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo) em levantamento feito entre os dias 15 e
20 deste mês com 25 indústrias
líderes dos setores metalúrgico, siderúrgico, químico, têxtil,
de alimentos e bebidas, automobilístico, eletroeletrônico,
de materiais de construção, de
papel e celulose e de máquinas.
Para avaliar o desempenho
da indústria no mês, a Fiesp
criou a pesquisa Sensor -criada em julho de 2006 e que passou a ser divulgada neste mês.
Ela é o resultado de uma média
de pontos estabelecidos para
cinco quesitos (mercado, vendas, estoque, emprego e investimento). Resultado em 50
pontos equivale à estabilização,
quando o faturamento, por
exemplo, não está nem pior
nem melhor do que o previsto.
A média dos cinco quesitos
alcançou 47,8 pontos neste
mês. Significa, na avaliação da
Fiesp, que a indústria paulista
registra desempenho pior do
que o planejado para janeiro,
apesar de as medidas do PAC já
estarem sendo debatidas desde
o final do ano passado.
Em dezembro de 2006, essa
mesma avaliação atingiu 49
pontos e, em novembro, 50,3
pontos. Desde que começou a
ser feito, esse indicador só ficou
abaixo de 50 pontos em dezembro, em junho (45 pontos) e em
julho (47,6 pontos).
Em janeiro, só o item investimento ficou acima do que seria
considerado estável (51,3 pontos). Isso quer dizer, na avaliação de Paulo Francini, diretor
do Depecon, que, apesar de a
indústria ter neste mês desempenho pior do que o planejado,
alguns setores têm expectativas melhores para o ano.
"O ano começou chocho. O
mercado está fraco, e não há
perspectiva de aumentar o emprego. Os empresários mostram cautela, mas esperam alguma melhora nos negócios ao
longo do ano", afirma Francini.
O PAC, diz ele, pode ter efeito
nos setores que forem beneficiados com investimentos públicos e com desonerações. O
que pode puxar mesmo a indústria, avalia, é a redução dos
juros e uma política ampla de
redução de impostos.
As indústrias entraram em
2007 com mais estoques porque as vendas no final do ano ficaram abaixo do previsto e porque tiveram de concorrer com
os importados. "As vendas de
final do ano foram medíocres.
A reposição de bens de consumo acontece em pequena escala", diz Boris Tabacof, diretor
do Departamento de Economia
do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Expectativas
As vendas e a produção de
produtos eletroeletrônicos estão normais para esta época do
ano, segundo informa Paulo
Saab, presidente da Eletros, associação dos fabricantes do setor. "Há redes de lojas mais estocadas. Outras, menos. Mas o
setor, por enquanto, está produzindo o que foi planejado."
O setor de embalagens, considerado termômetro da economia, informa que, em dezembro, as indústrias adiaram
as compras porque a demanda
estava mais fraca. "Há grande
expectativa para este mês",
afirma Paulo Peres, presidente
da Abre, associação dos fabricantes de embalagens.
A Fiesp também constatou
na consulta feita às indústrias
que o nível de utilização da capacidade das fábricas é de 80%.
"Isso revela que a indústria
tem espaço para produzir mais
para exportação e para o mercado interno. A indústria está
apertada por conta da taxa de
câmbio, favorável às importações", diz André Rebelo, gerente do Depecon. Na sua avaliação, o crescimento da indústria
está concentrado em alguns
poucos setores, como os ligados
à extração mineral, à transmissão de energia, à informática e à
produção de açúcar e álcool.
O fato de as vendas em dezembro do ano passado terem
ficado abaixo da expectativa leva economistas a prever que o
primeiro trimestre deste ano
pode ser também mais fraco do
que o antecipado.
"Este trimestre não deve ser
tão bom. Não deve haver corrida do comércio para a reposição de mercadorias", afirma
Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ.
Para Ana Carla Abrão Costa,
coordenadora da área macroeconômica da Tendências, 2007
será um ano parecido com o anterior. "A inflação nas duas primeiras semanas de janeiro está
um pouco acima da expectativa, mas as perspectivas são
boas daqui para a frente", diz.
Na opinião dela, o PAC deve ter
efeito a médio prazo e somente
em alguns setores.
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