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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Delfim e Armínio criticam freio à importação
O ex-ministro Delfim Netto
não acreditou que fosse verdade. O ex-presidente do Banco
Central Armínio Fraga também não disfarçou o ar de espanto. Para ambos, a decisão do
governo de adotar barreiras à
importação é injustificável e representa um retrocesso.
Tido como um dos maiores
críticos da política monetária
do Banco Central, Delfim Netto
diz que essa medida do governo
de criar empecilhos à importação consegue ser muito pior. "A
política monetária do Banco
Central poderia ser um pouco
mais eficiente, demorou a
acontecer, porém ninguém pode negar que está na direção
correta, mas essa ideia de limitar as importações, na qual eu
custo a acreditar, está na direção absolutamente errada", diz.
E Delfim lista os erros. Em
primeiro lugar, ele considera
impossível aceitar a justificativa dada pelo Ministério do Desenvolvimento de que o governo apenas passou a adotar a
exigência das licenças de importação para acertar as estatísticas. "Não precisava fazer
esse estrago todo para isso."
Outro erro, na opinião de
Delfim, é o governo achar que,
com essa medida, vai ajudar as
exportações. "Todo mundo sabe que um imposto sobre a importação é também um imposto sobre a exportação. E essa
medida é um imposto sobre a
importação."
Ao mesmo tempo, Delfim diz
que essa decisão é totalmente
incompatível com o sistema de
câmbio flutuante, que, até onde
se sabe, ainda é o que vige no
país. "Você pode até mexer na
tarifa, o que não seria conveniente, mas não pode dar à burocracia esse poder de dar licença do que for", diz. "Todo
mundo sabe onde isso termina.
Termina na desmoralização da
autoridade."
O ex-BC Armínio Fraga também ficou estupefato. "É algo
que eu achava que tinha ficado
para trás", diz. "Não há nenhuma recomendação técnica para
esse tipo de medida, principalmente em um momento de crise como agora."
Para Armínio, o pior é que os
movimentos protecionistas começam assim. O primeiro passo se dá com o aumento de poder da burocracia, que começa
a criar entraves à importação.
O ex-BC acha até que sempre
houve e sempre vai haver pressões de alguns setores para
adoção de medidas de proteção. Ele também afirma que é
natural que o governo fique
preocupado com o que acontece no momento com a balança
comercial, mas a resposta, a seu
ver, tem que ser mais ponderada. "A ponderação vai reforçar
a credibilidade do nosso país e
permitir uma queda maior da
taxa de juros."
Para Armínio, essa medida só
não é a pior que o governo tomou -embora a considere a
mais estranha- até agora porque tem uma que ele considera
insuperável: "O crescimento
extraordinário das despesas é a
pior de todas e vem acontecendo repetidas vezes".
Tanto Delfim como Armínio
não escondem a preocupação
com as decisões futuras do governo: "Essa decisão é um sinal
de que a política econômica do
Brasil vai piorar dramaticamente. O pior é que o mal já está feito", diz Delfim.
"O Brasil está praticando um
modelo meio híbrido e mal desenhado de capitalismo com a
presença muito forte do Estado
como regulador da economia."
SEM MULTA
A partir de hoje, a Oi acaba
com a multa para cancelamento e mudança de planos
pós-pagos de toda sua base
atual e de novos clientes. A
companhia, desde outubro,
conquistou 2 milhões de
clientes em SP. Desde 2007,
a Oi se posicionou contra o
bloqueio de aparelho.
TIJOLO
A linha de crédito da Caixa
Econômica Federal destinada à aquisição de materiais
de construção com recursos
do próprio banco já beneficiou desde sua criação aproximadamente 1 milhão de
clientes. A linha registrou
contratação de mais de R$ 1
bilhão em 2008. Para este
ano, a empresa espera contratar R$ 1,3 bilhão. A linha
de crédito também financia
compra de armários embutidos, piscina, elevador e
aquecedor solar.
LIDERANÇA
O IMD (International Institute for Management Development) vai promover,
entre os dias 1º e 3 de fevereiro, o primeiro "Responsible Leadership Summit", em
sua sede, na Suíça.
Importadora contesta novo IPI da cerveja
O novo sistema de cobrança do IPI sobre a cerveja, que entrou em vigor
neste ano, tem punido importadores e microcervejarias. Antes, o imposto
era calculado com base no
volume comercializado.
Agora, é a partir do preço
da cerveja cobrado do consumidor. As cervejas importadas e as produzidas
de forma artesanal custam
mais no varejo e, portanto,
pagam mais IPI.
Outra mudança é que o
recolhimento do IPI passou a utilizar a lógica do
sistema de substituição
tributária. O produtor de
cerveja precisa recolher
140% do valor do produto
vendido na indústria como parte da incidência tributária sobre atacado e varejo, segundo decreto que
implementou o sistema.
Publicado no dia 23 de
dezembro de 2008, o decreto estabelecia como
prazo até dia 31 do mesmo
mês para que os empresários solicitassem o enquadramento em um regime
especial para pagar uma
alíquota menor de IPI.
Xavier Depuydt, sócio-
-diretor da importadora
Belgian Beer Paradise,
pensa em entrar com um
mandado de segurança
contra o decreto. Depuydt
só soube do novo sistema
quando pagou mais pelo
IPI no porto.
"O prazo para se enquadrar no regime especial foi
curto e incluiu os feriados
de fim de ano. Muita gente
estava de férias." Sem se
enquadrar no regime especial, Depuydt paga 40%
do preço final do produto
em IPI. Antes, o IPI sobre
uma garrafa de 330 ml era
de R$ 0,068, diz. Até que
consiga o enquadramento
no regime especial, Depuydt disse que deixará as
mercadorias no porto.
Já Marcelo Stein, da importadora Bier & Wein,
enquadrou-se no regime
especial, mas seu custo
com IPI quadruplicou.
Com alguns microcervejeiros, como Marcelo da
Rocha, presidente da Colorado, ele busca uma solução política para a questão pelo intermédio da
Abrabe (associação dos fabricantes de bebidas).
"O governo, quando fez
essa medida, não pensou
nos pequenos. Ele quis
proteger empresas médias, que têm custos maiores que as grandes, mas
vendem um produto mais
barato", diz Stein, que busca um sistema diferente
para tributar importadores e microcervejeiros.
REDE
Filipe Redondo/Folha Imagem
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Jayme Lago, que recebeu mais pedidos de projetos para franquias
O arquiteto Jayme Lago,
cujo escritório atende projetos residenciais e comercias, percebeu uma reorganização do mercado nos últimos meses, que ele atribui à crise. A área residencial estagnou. "O cliente
pessoa física sumiu e as incorporadoras deram uma
boa segurada", afirma Lago. No lado comercial foram os projetos para franquias que registraram
aquecimento. "A prática
mostrou que esse segmento cresceu, sobretudo na
área de alimentação, que é
o que dá mais segurança
nesse período de turbulência", diz. Segundo o arquiteto, as franquias de menor valor passaram a ser
mais procuradas.
MAIS CEDO: IMPOSTÔMETRO ALCANÇA A MARCA DE R$ 100 BILHÕES NA SEXTA-FEIRA
O Impostômetro da ACSP (Associação Comercial de São
Paulo) vai virar os R$ 100 bilhões às 7h45 desta sexta-feira,
de acordo com o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário), entidade parceira da ACSP. No dia 31 de janeiro
do ano passado, a arrecadação de impostos federais, estaduais e municipais marcava o total de R$ 95.396.529.939,46.
Em 2008, os mesmos R$ 100 bilhões só foram atingidos à 1h
da madrugada do dia 5 de fevereiro. E no ano anterior, a
marca foi alcançada ainda mais tarde, às 8h35 do dia 10 de
fevereiro.
SEM BÔNUS
A Nomura, maior corretora do Japão,
suspenderá os bônus anuais de 20 executivos e cortará o salário deles em até 30%,
segundo a Bloomberg. As ações fazem parte de uma reestruturação que visa o corte
de 10% nos custos para compensar as perdas de US$ 3,8 bilhões no último trimestre de 2008, período em que comprou a
divisão asiática do Lehman Brothers.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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