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Medida "maquia" ação do governo, diz especialista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de os dados apresentados pelo Tesouro Nacional mostrarem que mesmo em um ano de crise o governo chegou perto da meta
de superavit primário, especialistas avaliam que as estratégias utilizadas pela
equipe econômica para inflar o caixa com o objetivo de
sustentar o crescimento dos
gastos em 2009 maquiaram
o real desempenho da administração pública.
"Os fatores extraordinários se contrapuseram às
consequências da crise, mas
mascararam a atuação do governo. Sabíamos de antemão
que as despesas iriam crescer mais rapidamente que as
receitas, mas o aumento foi
proporcionalmente três vezes maior", considera o especialista em finanças públicas
da UnB (Universidade de
Brasília) Roberto Piscitelli.
Para ele, ao lançar mão de
cobranças e resgates não
usuais, o governo queimou
de uma só vez um estoque
que poderia ser administrado ao longo dos anos.
O economista, no entanto,
considera que o resultado foi
satisfatório e estima que neste ano o governo de fato não
precisará recorrer novamente a tais expedientes, pois deverá contar com forte crescimento nas receitas. "A arrecadação tem essa característica de elasticidade: quando a
atividade retraiu, derrubou-a, mas agora a recuperação
também virá em um ritmo
mais forte."
Segundo Rogério Sobreira,
economista da Ebape/FGV
(Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas), ainda que a crise tenha exigido o uso de medidas
anticíclicas, a meta alcançada por meio de operações tão
incomuns camuflou a incapacidade do governo de fazer
os ajustes necessários para
conter os gastos. "E agora,
em pleno ano eleitoral, é que
esses ajustes não serão feitos
mesmo", conclui.
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