São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Medida "maquia" ação do governo, diz especialista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de os dados apresentados pelo Tesouro Nacional mostrarem que mesmo em um ano de crise o governo chegou perto da meta de superavit primário, especialistas avaliam que as estratégias utilizadas pela equipe econômica para inflar o caixa com o objetivo de sustentar o crescimento dos gastos em 2009 maquiaram o real desempenho da administração pública.
"Os fatores extraordinários se contrapuseram às consequências da crise, mas mascararam a atuação do governo. Sabíamos de antemão que as despesas iriam crescer mais rapidamente que as receitas, mas o aumento foi proporcionalmente três vezes maior", considera o especialista em finanças públicas da UnB (Universidade de Brasília) Roberto Piscitelli.
Para ele, ao lançar mão de cobranças e resgates não usuais, o governo queimou de uma só vez um estoque que poderia ser administrado ao longo dos anos.
O economista, no entanto, considera que o resultado foi satisfatório e estima que neste ano o governo de fato não precisará recorrer novamente a tais expedientes, pois deverá contar com forte crescimento nas receitas. "A arrecadação tem essa característica de elasticidade: quando a atividade retraiu, derrubou-a, mas agora a recuperação também virá em um ritmo mais forte."
Segundo Rogério Sobreira, economista da Ebape/FGV (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas), ainda que a crise tenha exigido o uso de medidas anticíclicas, a meta alcançada por meio de operações tão incomuns camuflou a incapacidade do governo de fazer os ajustes necessários para conter os gastos. "E agora, em pleno ano eleitoral, é que esses ajustes não serão feitos mesmo", conclui.


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