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Teles ameaçam ir
à Justiça contra
banda larga estatal
Minuta de decreto presidencial que autoriza a Telebrás a oferecer o serviço provocou protestos
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A minuta do decreto presidencial que autoriza a Telebrás
a oferecer acesso à internet para a população que mora em locais não atendidos pelo setor
privado ou com preços muito
acima dos praticados nas capitais provocou forte reação das
companhias telefônicas.
Nos bastidores, as empresas
ameaçam ir à Justiça para impedir que a estatal -que deveria ter sido liquidada no final
dos anos 90, mas sobrevive como fornecedora de mão de obra
à Anatel- passe a competir
com as operadoras privadas pelo serviço de internet, onde está
o futuro das telecomunicações.
""A minuta [do decreto] é uma
loucura. Se for aprovada, abrirá
uma crise institucional no setor, porque representa uma
quebra do modelo de privatização das telecomunicações",
afirmou o presidente da Abrafix (entidade que representada
as operadoras de telefonia fixa),
José Fernandes Pauletti.
A banda larga estatal exigirá,
numa primeira etapa, investimento de R$ 1,3 bilhão. Na visão das teles, o custo de cobrir
todo o país com o serviço ultrapassaria R$ 4 bilhões.
O secretário de Logística e
Tecnologia da Informação do
Ministério do Planejamento,
Rogério Santanna, é um dos
principais defensores da rede
pública de banda larga, com
aproveitamento das redes de fibras óticas da Petrobras e das
estatais de energia elétrica.
Vazamento
Já houve várias versões do
decreto. A versão final deve ser
submetida ao presidente Lula
no dia 10 de fevereiro.
Vazou uma versão redigida
no dia 22 de dezembro, com 18
artigos. A Folha teve acesso ao
documento, que circula entre
executivos. Pelo texto, a Telebrás passaria a atuar como
prestadora direta de serviço de
telecomunicações, podendo,
até, oferecer banda larga aos
usuários finais.
A versão tornada pública relaciona, no artigo 6º, as seguintes atribuições para a Telebrás:
a) implementação da intranet do governo federal;
b) dar suporte a políticas públicas de conexão à internet e
provimento de acesso em banda larga para universidades,
centros de pesquisa, escolas,
hospitais, postos de atendimento e telecentros;
c) prover infraestrutura a
serviços prestados por empresas privadas;
d) oferecer conexão à internet a usuários finais onde não
haja o serviço ou onde o preço
médio de mercado seja superior em 50% ou mais ao praticado na capital mais próxima.
Pelo texto que circula, caberá
à Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) estabelecer a forma de cálculo do preço
médio de mercado, para as velocidades de 256 Kbps, 512
Kbps e 1 mega.
A Telebrás ficaria encarregada de operar toda a infraestrutura de redes de telecomunicações da administração federal
direta e indireta.
Os órgãos públicos e estatais
que têm redes de uso restrito
poderiam operá-las mediante
contrato de cessão de uso firmado pela Telebrás.
Contradição
Para José Fernandes Pauletti, a abertura para a Telebrás
oferecer banda larga a usuários
finais contradiz o que vinha
sendo acenado pelo governo.
Segundo o executivo, as teles
receiam uma concorrência desigual da estatal.
""Em igualdade de condições,
se uma empresa privada for
menos eficiente do que uma estatal, ela tem de ser eliminada
do mapa. Mas, o que se sabe, é
que as condições nunca são
iguais, em termos de custo de
crédito e de encargos", disse.
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