São Paulo, Quinta-feira, 28 de Janeiro de 1999
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Banco prevê queda no PIB de até 6%

MARCELO DIEGO
de Nova York

A agência de análises Standard & Poor's projetou ontem, em Nova York, que haverá retração no PIB (Produto Interno Bruto) e inflação passando a casa dos dois dígitos ao final deste ano no Brasil.
Também ontem, o banco Salomon Smith Barney divulgou relatório prevendo o mesmo cenário para o país ao final de 1999. O banco prevê até 6% de queda do PIB.
Segundo a Standard & Poor's, a retração do PIB (total de riquezas produzidas pelo país) deve variar entre 3% e 5%.
A projeção do governo, inclusive firmada no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), é de retração de apenas 1%.
Os analistas da agência acreditam que o PIB vai continuar se retraindo por causa da extrema volatilidade que atinge a economia brasileira, desde que o governo resolveu liberar o câmbio, na metade deste mês.
Embora não tenha feito nenhuma projeção concreta, a S&P diz que os preços no Brasil vão sofrer reajustes e pressionar a volta da inflação, cujo índice anual vai superar 10%.
"É muito fácil identificar os alvos inflacionários causados pela mudança do câmbio", disse Lacey Gallagher, chefe do escritório de América Latina da Standard & Poor's.
As projeções da S&P foram feitas numa conferência interna da empresa, ontem.
Os economistas da agência disseram não acreditar que o governo brasileiro vá decretar moratória de suas dívidas ou que tenha a necessidade de reestruturar seu déficit doméstico.
"Qualquer revisão do déficit seria desastrosa e poderia atingir todo o sistema bancário", disse Gallagher.
O país tem cerca de US$ 32 bilhões em reservas cambiais, que, segundo a S&P, podem não ser suficientes para honrar todos os compromissos assumidos com credores -externos e internos.
O banco Salomon Smith Barney divulgou um relatório mais pessimista, projetando uma queda no PIB de 6%.
Para o banco, a inflação no país deve atingir 35% neste ano. No ano passado, o Brasil teve deflação de 1,8%.
O relatório diz que o banco está "pessimista" a respeito do Brasil. O vilão apontado é mais uma vez a flutuação cambial. Para o banco, as dificuldades cambiais devem agravar os problemas fiscais do Brasil.


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