São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

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MERCADO ABERTO

Flavio Florido/Folha Imagem
Figueiredo abrirá sua nova gestora já com cerca de cem clientes e R$ 120 mi para administrar


Empresários querem mudanças

A política econômica no Brasil está errada e precisa de mudanças urgentes. Caso contrário, o país poderá ser surpreendido por uma nova crise. O crescimento sustentável ainda está distante.
Esse foi o tom de uma reunião fechada de empresários e economistas realizada no Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) na semana passada.
O objetivo do encontro foi traçar uma rota de atuação para o Iedi em 2005. Para isso, foram convidados os economistas Delfim Netto, Paulo Rabello de Castro e Yoshiaki Nakano. O quadro traçado foi desanimador.
Do lado dos empresários, estavam pesos-pesados como Ivoncy Ioschpe (grupo Ioschpe), Eugênio Staub (Gradiente), Josué Gomes da Silva (Coteminas), Benjamim Steinbruch (CSN), Rinaldo Campos Soares (Usiminas), Roberto Vidigal (Confab), Décio da Silva (Weg) e Alexandre Grendene (Grendene).
Segundo a análise dos presentes, o grande problema é que a crise não bate à porta. Hoje, a economia pode estar bem, mas, de uma hora para outra, pode ser sacudida por um maremoto. O efeito é de um tsunami.
Diante desse quadro, o empresário não se sente confiante o suficiente para realizar novos investimentos. Ou o governo muda a economia ou convence os empresários de que está certo. Enquanto isso, o consenso é o de que ainda tem muito chão pela frente para o país crescer ao ritmo de 5% ao ano.
As queixas principais dos industriais e economistas foram em relação aos altos juros e ao dólar baixo. Há um consenso na indústria de que, enquanto essa equação não mudar, o empresário não fará investimentos relevantes. Os economistas apenas confirmaram, por meio de justificativas técnicas, o que os empresários já sabiam. Há uma convicção no meio industrial de que a atual política não vai dar certo.
A platéia também não poupou críticas ao aumento dos gastos do setor público. A avaliação geral foi que daria para realizar um corte de até 2% do PIB com um choque de competência no governo. Os cortes foram em investimentos, o que só aumenta a desconfiança dos empresários.

CARREIRA SOLO
Após a separação -amigável- com Armínio Fraga na Gávea Investimentos, o ex-BC Luiz Fernando Figueiredo abre oficialmente amanhã sua nova gestora de recursos, a Mauá Investimentos. A escolha do nome foi uma homenagem ao Barão de Mauá.

SINUCA DE BICO
Vem aí uma nova onda de aumentos de energia elétrica, cinco anos após a privatização. A Celpe, de Pernambuco, espera da Aneel aumento de 32% em março. A Coelce, do Ceará, terá 30% em abril. O governo não pode romper contratos, mas não quer jogar lenha na inflação. Palocci entrou no circuito. A Petrobras também.

CARTÃO E BATOM
O número de mulheres titulares de cartão de crédito é proporcionalmente maior que o de homens na população economicamente ativa. Foi o que constatou pesquisa da Credicard sobre cartão de crédito e mulher, que será divulgada hoje. Entre as mulheres, 33% têm cartão; entre os homens, 28%.

PUPILO
Na esteira de Paulo Leme, diretor do Goldman Sachs, o brasileiro Eduardo Centola assume a área internacional de cobertura de fundos financeiros do banco em Nova York.

ANÁLISE

Reformas ajudam expansão

O crescimento da economia tem sido auxiliado pela agenda de reformas microeconômicas de 2003. A opinião é de Marcos Lisboa, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Da agenda prevista, 50% das medidas já foram aprovadas, 25% estão no Congresso e 25% serão encaminhadas nos próximos meses, afirma.
No ano passado, Lisboa diz que havia ceticismo tanto sobre a capacidade de avanço da agenda quanto sobre o seu impacto na expansão do crédito e do crescimento econômico. Hoje, segundo ele, a situação mudou e já surtem efeito o empréstimo em consignação, os novos instrumentos de poupança de longo prazo, as medidas de incentivo à construção civil e ao mercado de capitais e a redução da tributação de bens de capital.
Na pauta a ser enviada ao Congresso, ele cita a abertura do mercado de resseguro, a reforma da defesa da concorrência e o cadastro positivo de crédito. Além disso, a Fazenda tem incentivado o debate sobre a autonomia do BC. Lisboa diz que há muita confusão entre autonomia e independência. No primeiro modelo, quem fixa as metas do BC é o governo. Já no de independência, elas são fixadas pela autoridade monetária. A Fazenda quer a autonomia do BC, como ocorre na maioria dos países em desenvolvimento.

O CHEF SOBE A SERRA
Após fechar o restaurante que levava o seu nome, em dezembro, nos Jardins, o chef Laurent Suaudeau prepara "o projeto de sua vida", como ele define o complexo hoteleiro e gastronômico que será erguido em Campos do Jordão, previsto para ficar pronto em meados de 2006. O empreendimento nasceu de um convite do empresário Ricardo Semler e fará o chef deixar São Paulo. "Estudo o projeto há dois anos, já pensava em deixar os grandes centros."
O complexo prevê, além de um restaurante sob o comando de Laurent, um hotel com 25 apartamentos e uma escola de culinária direcionada para jovens. Ele afirma que a intenção é também beneficiar as comunidades locais.
Filho de metalúrgico, Laurent se diz decepcionado com o governo Lula. "Esperava atenção maior dele à educação básica, mas não vejo muita diferença entre 1980, quando cheguei ao país, e hoje."


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