São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

"O mercado estava um pouco displicente", diz Armínio

A queda em efeito dominó ocorrida ontem nas Bolsas mundiais, que teve origem na China, já era de uma certa forma esperada pelos grandes financistas. O mercado subiu muito nos últimos meses e o clima era de uma tranqüilidade exagerada. Em algum momento, era previsível alguma correção de rumo. A dúvida é se essa correção será passageira ou duradoura.
Desde a crise dos atentados terroristas de setembro de 2001 nos Estados Unidos, o mercado não vivia um dia de estresse tão intenso como o de ontem. As baixas nas Bolsas mundiais atingiram índices preocupantes.
O economista Armínio Fraga estava à frente do Banco Central quando ocorreu a última grande crise internacional, em setembro de 2001. Na época, o BC foi obrigado a subir os juros para evitar uma fuga de dólares do país. "Nós tiramos o pé do acelerador", afirmou.
Sobre o estresse de ontem, Armínio disse que é muito difícil fazer qualquer previsão em relação à extensão e ao efeito dessa crise. "Não acho que vá ser o fim do mundo, mas não arrisco fazer uma previsão para o curto prazo."
Armínio acha que não há nenhuma razão, no entanto, para prever que a crise de ontem no mercado de ações se transforme num grande problema no Brasil, como no passado. "O país está com a inflação baixa, tem apresentado superávits primário e em conta corrente e possui um sistema financeiro saudável", afirma.
O mais provável, segundo o ex-BC, é que a crise seja de curto prazo e se restrinja às Bolsas. Até porque, de setembro até agora, a Bolsa da China simplesmente mais do que dobrou, e a queda dos últimos dias foi de apenas 12%.
O estresse de ontem deixou claro, no entanto, de acordo com Armínio, que o mercado estava um pouco displicente. Havia um baixo índice de volatilidade, e os "spreads" de operações de risco também eram muito pequenos, uma calmaria excessiva. "Não era razoável que não acontecesse nada na linha do que ocorreu ontem", diz Armínio.

Serra negocia verba para fim de obra de ponte

José Serra e Dilma Pena, secretária de Energia de SP, encontram-se hoje com Paulo Sérgio Passos (Transportes) para tentar obter verbas para concluir a ponte sobre o rio Paraná que liga SP a MS. O projeto é voltado para o escoamento de álcool e de grãos. O objetivo é conseguir liberar R$ 24,7 milhões, previstos no PAC, para finalizar a ponte em abril de 2008. A ponte, de quase 2 km, tem 85% das obras concluídas. Os repasses federais foram suspensos em 2005.

ALIANÇA CAPITAL
A Capital Partners Consulting assina hoje uma aliança estratégica com a Ogilvy Public Relations. O objetivo é desenvolver consultorias em parceria para relacionamento com investidores no Brasil. "Vamos atender empresas em processo de abertura de capital e já com capital aberto", diz o sócio Paulo Esteves. Segundo ele, o momento é oportuno, já que o mercado de relação com investidores está num momento efervescente. Por conta da aliança para o lançamento da agência, desembarcam no país o presidente da Ogilvy PR Worldwide, Paul Hicks, e o COO, William Chess. Sobre o estresse de ontem no mercado, Esteves fez o seguinte comentário: "Basta a China tossir para o mundo pegar gripe".

ESTRÉIA
Paulo Nogueira Batista Jr. estréia hoje na função de diretor-executivo do Brasil e de mais oito países no FMI (Fundo Monetário Internacional). Com Guido Mantega (Fazenda), receberá o chefe da missão do FMI do Brasil, José Faigenbaum, que vai a Brasília para avaliação anual da economia.

DIAS CONTADOS
Não foi bem recebida por Guido Mantega a entrevista de Marcelo Saintive, da Seae, chamando de protecionistas algumas medidas antidumping do país. Saintive subiu no telhado.

CHOCOLATE
Depois de uma concorrência iniciada em janeiro, que envolveu seis grandes agências, a W/Brasil conquistou ontem a conta da Nestlé. Washington Olivettto, da W/Brasil, já trabalhava para a Chocolates Garoto, que hoje pertence à Nestlé.

NA GARRAFA
O grupo italiano Mossi & Ghisolfi inaugura hoje uma nova fábrica de garrafas PET em Ipojuca, Pernambuco. A White Martins será a fornecedora de gases industriais na forma líquida e gasosa, e vai operar uma planta dentro da unidade industrial.

HOLLYWOODIANA
A GM do Brasil estréia, domingo, sua primeira grande campanha de varejo para a linha Chevrolet em 2007. Com direção de Breno Silveira, de "Dois Filhos de Francisco", e criação da Salles Chemistri, a campanha apresentará a linha de carros da montadora com cenas de ação, alta velocidade e performance cinematográfica. O título da campanha é "Chevrolet no Cinema".

DEVO, NÃO NEGO
As próximas medidas do PAC atingirão os devedores. Hoje, 90% das dívidas cobradas judicialmente não se executam porque não se encontra o inadimplente. Com a mudança, os juizes poderão fazer penhora on-line, impedindo que os bens do devedor desapareçam durante o processo. O tema será tratado no "Congresso Internacional de Direito Tributário", em maio, no Rio.


com ISABELLE MOREIRA e JOANA CUNHA

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