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TURBULÊNCIA GLOBAL / REFLEXOS NO BRASIL
Bovespa sofre maior queda desde o 11/9
Bolsa responde à tensão nos mercados mundiais com queda de 6,63%; dólar tem maior alta em 9 meses e vai a R$ 2,12
No pior momento do dia, Bovespa apontou perda de
7,87%, com forte venda de
estrangeiros; risco-país
sobe 12% e vai a 204 pontos
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa encarou ontem
seu pior pregão dos últimos
anos. No fim das operações, a
Bolsa de Valores de São Paulo
marcava impressionante desvalorização de 6,63%.
Na história recente da Bolsa,
pregões tão ruins só ocorreram
após o fatídico 11 de setembro
de 2001, quando a queda foi de
9,17%. Em 13 de setembro daquele ano, a Bolsa caiu 7,26%.
Nenhuma das 58 ações que
compõem o índice Ibovespa,
que reúne os papéis de maior liquidez da Bolsa, conseguiu terminar ontem com ganhos.
Entre as mais pesadas quedas de ontem, ficaram as ações
Telemig Participações PN
(-10,02%), Usiminas PNA
(- 9,73%) e Sadia PN (-9,34%).
A Bovespa operou em queda
durante todo o pregão e marcou perdas de 7,87% no pior
momento do dia.
Em todas as praças financeiras, as Bolsas de Valores sofreram ontem com pesadas vendas e preocupantes quedas.
Com os latino-americanos, não
foi diferente: o Merval, em Buenos Aires, caiu 7,5%; a Bolsa do
México perdeu 5,8%.
O volume financeiro negociado na Bovespa chegou a R$
5,45 bilhões -a média diária do
ano é de R$ 3,5 bilhões-, o que
mostra a intensidade das vendas de ontem.
Nesses momentos de incertezas internacionais, que sacodem os mercados, o fato de a
Bovespa ter nos estrangeiros o
grupo de investidores de maior
peso se torna um problema.
Ontem, os estrangeiros puxaram as vendas de ações de
companhias brasileiras logo na
abertura do pregão, segundo
operadores do mercado. O dia
começou repercutindo a queda
de 9% da Bolsa de Xangai e com
os investidores temerosos de
que a China adotasse medidas
duras para conter especulações
e esfriar a economia.
"O mercado mundial estava
muito alavancado, com diversas Bolsas operando em níveis
recordes. Com temores de que
alguma medida mais drástica
fosse tomada pelo governo chinês, os investidores correram
para vender ações", afirma Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
"Como não vejo nenhum novo problema com fundamentos
econômicos, entendo que depois dessa pesada realização o
mercado volte a encontrar o caminho de alta. Mas podemos
ainda ter que conviver com pregões ruins nos próximos dias",
afirma a economista.
Dólar para cima
O mercado de câmbio não escapou do tenso dia: o dólar subiu 1,73%, maior alta desde
maio de 2006, e terminou vendido a R$ 2,12. O risco-país subiu 12%, para 204 pontos.
Mesmo com a moeda estrangeira operando em alta durante
todo o dia, o Banco Central não
se ausentou do mercado e comprou dólares dos bancos.
Para José Roberto Carreira,
diretor da corretora Novação,
"mesmo que o dólar suba mais
um pouco nos próximos dias, a
tendência de apreciação do real
continua viva".
As taxas futuras de juros encerraram em alta na BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros). Mas as elevações foram
relativamente brandas.
Isso porque ninguém espera
que o BC passe a subir a taxa
Selic por conta do estresse internacional. A não ser que o
mercado passe a enfrentar realmente um período de turbulências persistentes.
No contrato DI (Depósito Interfinanceiro) mais negociado
ontem, que vence na virada do
ano, a taxa foi de 12,06% a
12,13% anuais.
(FABRICIO VIEIRA)
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