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Aperto fiscal em janeiro é o maior desde 97
Tesouro Nacional obtém superávit de R$ 11,764 bi, com ganhos de arrecadação; resultado representa 6,68% do PIB
Explicação para saldo é uma combinação de ganhos com arrecadação e adiamento ou cancelamento de despesas consideradas atípicas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tesouro Nacional obteve
um superávit de R$ 11,764 bilhões no mês passado. É o melhor resultado para meses de
janeiro desde que o governo começou a fazer essa contabilidade, em 1997, mas não deve se
repetir em fevereiro. O resultado considera as receitas menos
as despesas, sem contabilizar
as despesas com juros.
A explicação para um saldo
tão positivo em janeiro é uma
combinação de ganhos inesperados na arrecadação e o cancelamento ou adiamento de despesas consideradas atípicas
que ocorreram em janeiro do
ano passado.
"Confirmamos mais uma vez
que, no curto prazo, os instrumentos que dispomos [para
controle de gastos] são adequados para atingir a meta fiscal",
comemorou o secretário do Tesouro, Tarcísio Godoy. "Mas
em fevereiro o resultado deve
ser bem mais modesto porque a
arrecadação [de janeiro] não
deve se repetir", completou.
Em janeiro, o Tesouro teve
um ganho de R$ 5,4 bilhões na
receita, principalmente por
causa da antecipação do pagamento do Imposto de Renda
das empresas. A Petrobras também repassou ao Tesouro R$
1,4 bilhão em dividendos, cerca
de R$ 700 milhões acima do
ano passado.
A Previdência Social também
registrou um crescimento de
receitas de R$ 1,3 bilhão em relação a janeiro do ano passado.
Esses dois efeitos fizeram
com que o total de recursos no
caixa do Tesouro somasse R$
52,057 bilhões, 14,3% acima de
janeiro de 2006. As despesas tiveram uma ligeira queda, de
2,8%, em relação ao mesmo
mês do ano passado, totalizando R$ 32,158 bilhões.
A decisão do Tesouro de não
capitalizar a Emgea (Empresa
Gestora de Ativos), companhia
que tenta renegociar contratos
habitacionais da Caixa Econômica Federal em atraso, foi decisiva para essa queda nas despesas. Em janeiro de 2006, a
transferência de recursos para
a Emgea reduziu o superávit do
governo em R$ 1,5 bilhão. As
capitalizações previstas para
2008 até 2010 também estão
descartadas.
As despesas também foram
afetadas por um adiamento no
pagamento das dívidas judiciais, os chamados precatórios.
No ano passado, o governo
pagou R$ 2,3 bilhões dessas dívidas em janeiro.
Neste ano, o pagamento foi
adiado para fevereiro e principalmente março. Segundo Godoy, houve um planejamento
financeiro melhor este ano para evitar a concentração no pagamento de precatórios.
Investimentos
O ritmo de despesas com os
investimentos previstos no
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), lançado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no final do mês passado
para aumentar a taxa de crescimento do país, ainda não é suficiente para gastar os R$ 11,6 bilhões separados para as obras
consideradas prioritárias pelo
governo.
Na análise do secretário do
Tesouro, trata-se de falta de
tempo. Como o PAC foi anunciado em 22 de janeiro, os ministérios ainda não tiveram como executar seus orçamentos,
mas a liberação dos recursos
pelo Tesouro está garantida no
caso desses projetos.
Em janeiro, foram gastos R$
171 milhões com as obras do
PPI (Plano Piloto de Investimentos), que reúne os projetos
que o governo considera mais
importantes.
(LEANDRA PERES)
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