São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Se pudesse, faria reforma por decreto, afirma Lula

Presidente cobra do Congresso aprovação de pacote tributário ainda neste ano

"Se o governo pudesse, faria [a reforma] por decreto. Como não pode, temos que mandar para as instâncias democráticas aprovarem"

Ricardo Marques/Folha Imagem
Lula ao lado dos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento)

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que, "se pudesse", faria a reforma tributária por decreto e mostrou expectativa de que a proposta do governo possa ser aprovada ainda neste ano, mesmo sabendo que a cabeça dos parlamentares estará voltada para as eleições municipais.
"Esse negócio de ficar dizendo que o governo não faz a reforma tributária, se o governo pudesse, faria por decreto. Como não pode, temos que mandar para as instâncias democráticas aprovarem", disse Lula aos jornalistas, quando chegava a uma reunião com 126 empresários para a apresentação da proposta elaborada pela equipe econômica do governo.
A atitude do presidente indica que ele pretende desde já tirar de si a responsabilidade de aprovar a reforma tributária, repassando a cobrança ao Congresso Nacional.
"Nós temos um ano político e vocês [jornalistas] conhecem o Congresso Nacional e sabem que a partir de junho está todo mundo na rua fazendo campanha. Mas, se a reforma tributária merece a pressa que todo mundo diz que merece, eu penso que eles poderão discutir e votar neste ano ainda", afirmou o presidente. "Se todos os congressistas fizerem valer os discursos que fizeram durante a campanha sobre política tributária, certamente nós a aprovaremos." Já na reunião, minutos depois, o presidente pediu o "engajamento" dos empresários e avaliou que "não haverá um projeto ideal".
"Temos que trabalhar com a diversidade de vários grupos. Se vocês simplesmente acharem que [fazer a reforma] é o papel do ministro [Guido] Mantega e sua equipe, esse projeto é uma criança natimorta", afirmou Lula.

Empresários
O encontro com os empresários, que a princípio seria a portas fechadas, acabou sendo transformado em cerimônia pública de apoio à proposta de reforma tributária, embora só os princípios gerais do projeto tenham sido expostos pela equipe econômica do governo.
Mesmo sem saber quando e como serão tomadas as medidas, os convidados elogiaram a idéia de desonerar a folha de salários, os investimentos e as exportações -e procuraram tratar com otimismo das chances políticas da reforma.
"O projeto tem mais consistência que os anteriores, existe uma negociação com os governadores e uma mobilização empresarial. A perspectiva é boa", disse Jorge Gerdau Johannpeter, do grupo Gerdau. Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), previu aumento da arrecadação com a reforma, que deve, disse, "ser devolvido à sociedade".
Um dos líderes do lobby pela derrubada da CPMF, Skaf prometeu ajudar o governo a aprovar a reforma no Congresso.


Colaborou GUSTAVO PATU, da Sucursal de Brasília


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