São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2009

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Empréstimo com reservas não tem procura

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Anunciado há pouco mais de três semanas, o programa de empréstimos de dólares das reservas internacionais do Brasil a empresas que tenham dívidas a pagar no exterior ainda não saiu do papel. Ontem, quando o Banco Central iria liberar a primeira parcela de recursos, nenhum desembolso foi feito.
Inicialmente, o BC estimava que a procura por essas linhas de crédito pudesse chegar a US$ 36 bilhões. Até agora, porém, não foram fechados acordos entre empresas e bancos para que esses dólares pudessem ser liberados.
Segundo as regras divulgadas no começo do mês, as companhias que tivessem interesse em usar os dólares das reservas para pagar dívidas contraídas no mercado internacional deveriam primeiro procurar uma instituição financeira, que intermediaria a operação com o BC.
A ideia é que o BC empreste os dólares aos bancos, que, por sua vez, os empreste às empresas. No caso de inadimplência, a responsabilidade de devolver os recursos para o BC é exclusivamente das instituições financeiras, que, por isso, exigem que as empresas ofereçam garantias para ter acesso à linha de crédito. Os bancos também são livres para definir as taxas de juros que cobrarão nos financiamentos.
Ontem, a assessoria de imprensa do BC informou que, mesmo que nenhuma operação tenha sido fechada até agora, a demanda por esse tipo de empréstimo "é positiva". A demora, ainda segundo o BC, é reflexo da "complexidade da operação".
O BC informou que, até agora, sete bancos já procuraram informações preliminares sobre o funcionamento dessa linha de crédito. Não há prazo para que os bancos formalizem esse pedido no BC, mas os dólares só são liberados duas vezes por mês, em datas preestabelecidas. A próxima será em 13 de março e atenderá todos os pedidos encaminhados até então.


AEB
O vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, admitiu surpresa e classificou como "estranha" a ausência de interesse da parte de exportadores em tomar os recursos das reservas ofertados pelo Banco Central. "Sinceramente não sei a razão desse desinteresse. Talvez as empresas tivessem capitalizadas e decidiram liquidar a dívida ao invés de rolar", disse. Segundo ele, os exportadores não levaram à AEB nenhuma queixa sobre eventuais exigências que impediam o acesso aos recursos. "Ninguém procurou a associação com qualquer tipo de problema", afirmou.

Colaborou a Reportagem Local


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