São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2009

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Portabilidade de telefone vale em todo o país

Serviço que permite trocar de operadora e manter número chega em SP com falhas e índices de sucesso de 67%

Margem de erro na efetivação dos pedidos de transferência deve ser de 5%; Anatel tenta alternativa para melhorar a qualidade

Ricardo Nogueira-04.jul.08/Folha Imagem
Mulher tira fotografia com telefone celular no centro de SP

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

Com nove dias de antecedência, as operadoras de telefonia fixa e móvel concluem a implantação da portabilidade numérica (serviço que permite a troca de operadora mantendo o número do telefone) em todo o país na próxima segunda-feira.
Poderia ser um sucesso não fossem dois indicadores: apenas 67% dos pedidos foram efetuados até o momento, e eles representam um terço do volume total projetado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Luiz Antônio Vale Moura, coordenador-geral do GIP (Grupo de Implantação da Portabilidade), nega que a agência tenha feito previsões, mas o próprio presidente da Anatel, Ronald Sardenberg, anunciou a meta de 1 milhão de pedidos por mês em setembro de 2008, quando foi iniciada a primeira fase da portabilidade.
Algumas operadoras confirmam as metas e dizem que o serviço chega a São Paulo, onde a concentração de clientes é maior, sem que o sistema esteja funcionando adequadamente.
Tecnicamente, o sistema da portabilidade é uma rede de computadores que funciona com bases de dados processando os cadastros dos clientes que chegam e saem das operadoras.
Cada operadora tem uma base instalada que se comunica com a de suas concorrentes por meio da ABR Telecom, a associação contratada para gerenciar a portabilidade no país.
Desde 2005, as teles tentavam adiar a implementação desse sistema junto à Anatel. Em 2008, elas tentaram novamente, mas a agência manteve o cronograma. Correndo contra o tempo, as companhias tiveram diversas barreiras técnicas ao longo do processo.
Empresas que estavam com o sistema em ordem acabavam sendo prejudicadas por outras que não tinham se adaptado. Segundo técnicos que monitoram os serviços das operadoras, ainda hoje ocorrem falhas, mas elas não chegam a comprometer as transações.
Hoje os pedidos deixam de ser efetuados porque há conflitos de informações entre as bases cadastrais dos clientes de cada operadora. Um exemplo: alguém recadastrou o CPF e pede a portabilidade com um documento diferente. "Qualquer inconsistência deixa o sistema travado," diz Moreira, da ABR. "E a operação fica processando até o pedido ser negado."
A Folha apurou que, aproveitando-se disse artifício, algumas operadoras estariam cancelando os pedidos para evitar que o prazo máximo de cinco dias úteis definido como limite para a efetivação da transferência não seja cumprido. Na sequência, um novo pedido é aberto. Isso para evitar multas da Anatel, que podem chegar a R$ 3 milhões, caso a irregularidade seja comprovada. Operadoras que não cancelaram os pedidos, mas enfrentaram dificuldades, confirmam o ocorrido.
A Anatel estuda formas de contornar essas barreiras que, atualmente, emperram o sistema e prejudicam a qualidade do serviço aos clientes. A agência definiu que a margem de falha na hora da migração dos clientes deve ser de, no máximo, 5%. Hoje, ela está em 33% -dos 491.823 pedidos realizados, 327.000 foram efetivados. Moura, da Anatel, afirmou que o índice de perda foi de 25%, mesmo assim, fora da meta.


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