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Tributos e falta de regulação travam empresas no país
DA REDAÇÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pesquisa da consultoria PricewaterhouseCoopers feita no
ano passado com 123 empresas
de setores diversos atuando no
Brasil mostra que 42% delas
consideram que os aspectos regulatórios limitam o desenvolvimento de projetos sustentáveis. Para 38%, são os custos
elevados o principal limitador.
A estrutura tributária figura
como aspecto de alto impacto
para 26% das empresas.
Na indústria automotiva, a
concorrência com o etanol inibe projetos de energia alternativa para carros. Hoje, iniciativas para elétricos ou híbridos
são experimentais e têm poucas chances de vingar comercialmente, avalia Fred Carvalho, do Centro de Estudos Automotivos. "Não dá para falar
em investimentos de centenas
de milhões de dólares, primeiro
porque não há incentivo do governo e, depois, porque não
existe garantia de que teremos
mercado para o produto."
Na construção civil, há uma
série de empecilhos que limita
a expansão de práticas sustentáveis, afirma Paulo Safady Simão, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da
Construção). Os chamados
"greenbuildings" -com alta
tecnologia e eficiência térmica
e energética-, segundo ele, não
passam de 200 no país. "Há
imensos problemas na área de
ciência e tecnologia, na estrutura tributária e na capacitação
que dificultam a implantação."
No setor de resíduos, há amplo espaço para expansão, já
que mais da metade do lixo urbano tem destinação inadequada ou nem chega a ser recolhida. Os principais gargalos são a
timidez dos estímulos fiscais e
a falta de instrumentos que garantam a erradicação de lixões
e áreas contaminadas, diz o
presidente da Abetre (associação do setor), Diógenes Del Bel.
O "plástico verde", feito a
partir do álcool, é a grande
aposta da indústria química. A
Abiquim (associação do setor)
estima que, em 2020, 10% das
resinas termoplásticas do
mundo serão de material renovável. O Brasil deverá deter
50% desse mercado, o que redundará em investimentos de
até US$ 16 bilhões até 2020.
"Mas os projetos são muito
mais direcionados para a exportação. No mundo, o apelo
verde é maior. No Brasil, há
uma defasagem, por questão de
educação, consciência, regulamentação e poder aquisitivo",
afirma o presidente da entidade, Nelson Pereira dos Reis.
O setor de energia eólica
-que movimentou US$ 2,5 bilhões em 2009 e cujo primeiro
leilão exclusivo, em dezembro,
pôs o país no radar das grandes
fabricantes- está otimista.
Mas a falta de políticas de longo
prazo, com contratações periódicas, ainda afeta investimentos, diz Steve Sawyer, presidente do GWEC (associação global
do setor). O setor de biomassa
reclama das contratações pontuais e dos baixos incentivos,
diz Zilmar de Souza, da Unica
(do setor sucroalcooleiro).
(NATÁLIA PAIVA e PAULO DE ARAUJO)
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