São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010

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Tributos e falta de regulação travam empresas no país

DA REDAÇÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pesquisa da consultoria PricewaterhouseCoopers feita no ano passado com 123 empresas de setores diversos atuando no Brasil mostra que 42% delas consideram que os aspectos regulatórios limitam o desenvolvimento de projetos sustentáveis. Para 38%, são os custos elevados o principal limitador. A estrutura tributária figura como aspecto de alto impacto para 26% das empresas.
Na indústria automotiva, a concorrência com o etanol inibe projetos de energia alternativa para carros. Hoje, iniciativas para elétricos ou híbridos são experimentais e têm poucas chances de vingar comercialmente, avalia Fred Carvalho, do Centro de Estudos Automotivos. "Não dá para falar em investimentos de centenas de milhões de dólares, primeiro porque não há incentivo do governo e, depois, porque não existe garantia de que teremos mercado para o produto."
Na construção civil, há uma série de empecilhos que limita a expansão de práticas sustentáveis, afirma Paulo Safady Simão, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Os chamados "greenbuildings" -com alta tecnologia e eficiência térmica e energética-, segundo ele, não passam de 200 no país. "Há imensos problemas na área de ciência e tecnologia, na estrutura tributária e na capacitação que dificultam a implantação."
No setor de resíduos, há amplo espaço para expansão, já que mais da metade do lixo urbano tem destinação inadequada ou nem chega a ser recolhida. Os principais gargalos são a timidez dos estímulos fiscais e a falta de instrumentos que garantam a erradicação de lixões e áreas contaminadas, diz o presidente da Abetre (associação do setor), Diógenes Del Bel.
O "plástico verde", feito a partir do álcool, é a grande aposta da indústria química. A Abiquim (associação do setor) estima que, em 2020, 10% das resinas termoplásticas do mundo serão de material renovável. O Brasil deverá deter 50% desse mercado, o que redundará em investimentos de até US$ 16 bilhões até 2020.
"Mas os projetos são muito mais direcionados para a exportação. No mundo, o apelo verde é maior. No Brasil, há uma defasagem, por questão de educação, consciência, regulamentação e poder aquisitivo", afirma o presidente da entidade, Nelson Pereira dos Reis.
O setor de energia eólica -que movimentou US$ 2,5 bilhões em 2009 e cujo primeiro leilão exclusivo, em dezembro, pôs o país no radar das grandes fabricantes- está otimista. Mas a falta de políticas de longo prazo, com contratações periódicas, ainda afeta investimentos, diz Steve Sawyer, presidente do GWEC (associação global do setor). O setor de biomassa reclama das contratações pontuais e dos baixos incentivos, diz Zilmar de Souza, da Unica (do setor sucroalcooleiro).
(NATÁLIA PAIVA e PAULO DE ARAUJO)


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