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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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Para FGV, taxa de 1,53% do IGP-M "consolida a tendência de queda"

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A recente queda do dólar e o início da safra de grãos asseguraram a redução da inflação em março.
O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) ficou em 1,53% -0,75 ponto percentual menor do que a taxa de fevereiro (2,28%), segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas). O índice de março é o mais baixo desde maio de 2002, quando ficara em 0,83%.
Apesar do recuo, a taxa é a maior para um mês de março desde 1999, o ano da desvalorização do real -na época, foi de 2,83%. Também é superior ao IGP-M de março do ano passado (0,09%).
No ano, o IGP-M acumula aumento de 6,27% e, nos últimos 12 meses, de 32,48%.

Tendência consolidada
Segundo o economista da FGV Salomão Quadros, o resultado "consolida a tendência de queda da inflação" que já vinha sendo delineada. Teve como principais impactos positivos, diz ele, a entrada da safra agrícola, que fez cair os preços dos alimentos, e a estabilização do dólar, com efeito maior nos itens industrializados.
Medida pelo IPA (Índice de Preços por Atacado), a variação dos preços ao produtor caiu de 2,64% em fevereiro para 1,72% em março. Já no varejo a queda foi mais tímida: o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ficou em 1,10% neste mês, contra 1,62% em fevereiro.
Para Quadros, a desaceleração da inflação só não foi mais intensa por causa dos "expressivos" aumentos de frutas, legumes e hortaliças, tanto no atacado como no varejo. Sob efeito do clima, o grupo subiu 11,12% no IPA. Só o tomate teve aumento de 60,77%. No IPC, a alta foi de 9,44%.
Não fossem esses reajustes, afirmou Quadros, os alimentos poderiam até ter tido deflação em março. Subiram, porém, 1,93% ao consumidor. No atacado, a taxa ficou em 0,52% -havia sido de 1,7% em fevereiro.
De acordo com a FGV, os produtos que mais contribuíram para a redução do grupo alimentos no atacado foram os cereais e os grãos, como arroz, feijão e milho.

Não sobe outra vez
Para os próximos meses, Quadros espera queda nos preços dos alimentos no varejo devido à continuidade da fase de colheitas.
Quadros estima ainda que a inflação não deve voltar a subir em abril. "O resultado de março mostra que o IGP-M mudou do patamar em torno de 2% para algo perto de 1,5% e deve ficar nesse nível", disse.
Os produtos industriais também tiveram forte recuo em março. "Foi uma queda disseminada. Dos 18 gêneros [ramos industriais] pesquisados, 15 diminuíram seus preços", afirmou Quadros. Entre os produtos que tiveram queda no atacado, estão os de vestuário, óleos e gorduras e eletrodomésticos.


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