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COMÉRCIO
Valor, recorde, vai para inaugurações e reformulações de pontos-de-venda
Redes de supermercados vão
investir R$ 2,3 bi em 2006
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As três maiores redes de supermercados do país, donas de mais
de 40% da receita do setor, vão
desembolsar R$ 2,3 bilhões em investimentos em lojas no Brasil em
2006. O valor é recorde -supera
até aquele dispensado pelas companhias nos anos 90, período que
registrou o maior número de fusões e aquisições no varejo. Novas
contratações de empregados devem acontecer. O setor é um dos
maiores empregadores do país.
Mesmo após enfrentar uma fase
delicada em 2005, com resultados
magros, redução no quadro de
funcionários e fechamento de
pontos-de-venda, as redes colocam a mão no bolso para investir
por uma série de razões. A principal delas: o crescimento do setor
só tem acontecido por meio de
inaugurações. São as novas lojas
construídas que estão tirando as
empresas do vermelho -a venda
real, descontada as inaugurações,
é negativa há meses consecutivos
em certas companhias.
Pão de Açúcar e Carrefour têm
se beneficiado da venda de suas
novas lojas, o que tem puxado o
resultado final de vendas das cadeias, revelam os balanços financeiros dos grupos.
Pelas contas da Folha, ao somar
os gastos anunciados pelas redes
em 2006, o volume atinge R$
2,335 bilhões -acima, portanto,
dos R$ 2 bilhões de 2005. O Wal-Mart, a maior rede de supermercados do mundo, prevê gastar R$
600 milhões e abrir 15 lojas. A rede
francesa Carrefour fala em investir R$ 800 milhões e parte vai para
a abertura de dez pontos.
O Pão de Açúcar anunciou ontem gastos da ordem de R$ 935
milhões para 2006-o maior já
anunciado pelo grupo. O volume
será direcionado para abertura de
novas lojas, postos de gasolina e
drogarias; aquisição de terrenos,
reformas e manutenção de ativos
existentes.
Para o biênio 2006/2007, a empresa prevê abrir entre 16 e 20 hipermercados e de 40 a 60 supermercados. A rede não forneceu
número exatos relativos a 2006.
Com base nessa expectativa geral
para o biênio, devem ser gerados
cerca de 18 mil empregos (entre
diretos e indiretos) nesse período.
Ajuste
Nem sempre o montante previsto pelas companhias acaba
sendo desembolsado. Por isso, as
contratações de pessoal podem
ser mais tímidas. Durante o ano,
as redes reajustam os gastos à realidade do mercado. Retração no
consumo força as empresas a rever os seus planos. O acirramento
da concorrência, por outro lado,
tende a levá-las a gastar mais.
Explica-se: para evitar que o
concorrente compre um terreno
perto de uma de suas lojas, a rede
varejista se "protege", compra
aquele terreno à venda -até mesmo próximo da sua loja antiga. Isso para conseguir "controlar" o
seu mercado naquela região. É
por isso que, em certos casos, a
mesma empresa tem várias lojas
(bandeiras) de sua propriedade
perto uma das outras.
Fase difícil
Desde o início de 2005, as companhias do setor têm registrado
baques em seus resultados nas
vendas. Mesmo com bons resultados, "turbinados" pelos novos
pontos inaugurados, as redes são
afetadas: 1) pelo peso da deflação
em seus números (que reduz receita); 2) pelo aumento tímido da
renda (que deu fôlego curto para
o consumo em 2005).
Segundo dados da consultoria
ACNielsen, o volume de produtos
comercializados (em unidades)
no varejo cresceu 4,8% em 2005.
Mas a receita das empresas não
acompanhou essa alta.
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