São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO

Valor, recorde, vai para inaugurações e reformulações de pontos-de-venda

Redes de supermercados vão investir R$ 2,3 bi em 2006

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As três maiores redes de supermercados do país, donas de mais de 40% da receita do setor, vão desembolsar R$ 2,3 bilhões em investimentos em lojas no Brasil em 2006. O valor é recorde -supera até aquele dispensado pelas companhias nos anos 90, período que registrou o maior número de fusões e aquisições no varejo. Novas contratações de empregados devem acontecer. O setor é um dos maiores empregadores do país.
Mesmo após enfrentar uma fase delicada em 2005, com resultados magros, redução no quadro de funcionários e fechamento de pontos-de-venda, as redes colocam a mão no bolso para investir por uma série de razões. A principal delas: o crescimento do setor só tem acontecido por meio de inaugurações. São as novas lojas construídas que estão tirando as empresas do vermelho -a venda real, descontada as inaugurações, é negativa há meses consecutivos em certas companhias.
Pão de Açúcar e Carrefour têm se beneficiado da venda de suas novas lojas, o que tem puxado o resultado final de vendas das cadeias, revelam os balanços financeiros dos grupos.
Pelas contas da Folha, ao somar os gastos anunciados pelas redes em 2006, o volume atinge R$ 2,335 bilhões -acima, portanto, dos R$ 2 bilhões de 2005. O Wal-Mart, a maior rede de supermercados do mundo, prevê gastar R$ 600 milhões e abrir 15 lojas. A rede francesa Carrefour fala em investir R$ 800 milhões e parte vai para a abertura de dez pontos.
O Pão de Açúcar anunciou ontem gastos da ordem de R$ 935 milhões para 2006-o maior já anunciado pelo grupo. O volume será direcionado para abertura de novas lojas, postos de gasolina e drogarias; aquisição de terrenos, reformas e manutenção de ativos existentes.
Para o biênio 2006/2007, a empresa prevê abrir entre 16 e 20 hipermercados e de 40 a 60 supermercados. A rede não forneceu número exatos relativos a 2006. Com base nessa expectativa geral para o biênio, devem ser gerados cerca de 18 mil empregos (entre diretos e indiretos) nesse período.

Ajuste
Nem sempre o montante previsto pelas companhias acaba sendo desembolsado. Por isso, as contratações de pessoal podem ser mais tímidas. Durante o ano, as redes reajustam os gastos à realidade do mercado. Retração no consumo força as empresas a rever os seus planos. O acirramento da concorrência, por outro lado, tende a levá-las a gastar mais.
Explica-se: para evitar que o concorrente compre um terreno perto de uma de suas lojas, a rede varejista se "protege", compra aquele terreno à venda -até mesmo próximo da sua loja antiga. Isso para conseguir "controlar" o seu mercado naquela região. É por isso que, em certos casos, a mesma empresa tem várias lojas (bandeiras) de sua propriedade perto uma das outras.

Fase difícil
Desde o início de 2005, as companhias do setor têm registrado baques em seus resultados nas vendas. Mesmo com bons resultados, "turbinados" pelos novos pontos inaugurados, as redes são afetadas: 1) pelo peso da deflação em seus números (que reduz receita); 2) pelo aumento tímido da renda (que deu fôlego curto para o consumo em 2005).
Segundo dados da consultoria ACNielsen, o volume de produtos comercializados (em unidades) no varejo cresceu 4,8% em 2005. Mas a receita das empresas não acompanhou essa alta.


Texto Anterior: Empresas: Parmalat tem aumento de 18% no lucro
Próximo Texto: Vendas de combustível têm recuo de 8%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.