São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Fiat cogita fechamento de fábricas na Itália

Empresa reclama de ajuda concedida por governos europeus à indústria local

Governo norte-americano afirma que apresentará na próxima segunda-feira plano para socorrer sua indústria automotiva


DA REDAÇÃO

O presidente-executivo da Fiat, Sergio Marchionne, não descartou o fechamento das fábricas da montadora na Itália, onde estão concentrados aproximadamente 30% da sua produção e ela é a empresa privada que mais emprega pessoal.
"Se não forem encontradas soluções, não há condições econômicas para manter a Fiat como uma indústria independente na Itália. As condições atuais, o volume, o uso da capacidade das fábricas fazem a divisão do grupo perder dinheiro."
Há cinco anos, a montadora tinha prometido não fechar as suas fábricas na Itália, mas agora, diz Marchionne, as condições mudaram. "A atual crise tornou os custos insuportáveis." Segundo o executivo, todas as montadoras tiveram que "racionalizar" a produção, devido à queda na demanda. "Não é um problema apenas da Fiat, fábricas por toda a Europa correm o risco de serem fechadas."
O principal executivo da Fiat também criticou as ajudas concedidas pelos governos do Reino Unido, da França e da Suécia para as montadoras locais. Na opinião dele, o socorro compromete a competição no setor e é "muito perigoso". "A ajuda deveria ir para todos ou para ninguém", disse.
Marchionne afirmou que socorros como o concedido pelo governo francês (que destinou empréstimos de bilhões de euros para Renault e Peugeot Citroën) colocaram certas empresas "em uma posição privilegiada e força as outras a lutarem com suas mãos atadas". O governo italiano também lançou um plano para a indústria local, porém mais modesto: bônus para as pessoas trocarem carros velhos por novos.
A indústria automotiva europeia tem sofrido com a forte queda nas vendas nos últimos meses, resultado da crise que levou à recessão as principais economias do continente e dificultou o acesso dos consumidores a financiamento.
A Fiat terminou o ano passado com um lucro de 1,721 bilhão, queda de 16,2% na comparação com 2007.

Estados Unidos
Na segunda-feira, o governo americano deverá apresentar o seu plano para a recuperação da indústria automotiva do país. As medidas também interessam à Fiat, já que ela negocia um acordo para ficar com 35% de participação na norte-americana Chrysler.
"Eu acredito que o presidente [Barack] Obama vai apresentar as linhas gerais do que ele acredita ser a melhor maneira para as empresas atingirem a viabilidade tanto no curto prazo como no longo prazo", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
A GM e a Chrysler receberam US$ 17,4 bilhões do governo dos Estados Unidos no final do ano passado e, em troca, comprometeram-se a apresentar até a próxima terça-feira um plano que comprove a sua viabilidade econômica. Com o agravamento da crise, elas já pediram mais US$ 21,6 bilhões de ajuda estatal.
As vendas das montadoras nos EUA vêm caindo fortemente nos últimos meses. Fevereiro foi o pior mês desde 1981, com a GM registrando queda de 53%, a Ford, de 48%, e a Chrysler, de 44%. E a expectativa de analistas é que março também registre resultados ruins, ainda mais que os preços da gasolina voltaram a subir.

Com agências internacionais


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