São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investimento direto frustra as projeções

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil ficou abaixo do esperado pelo governo no mês passado, aumentando a possibilidade de que as projeções para o ingresso de capital externo neste ano não se concretizem.
Em março, o país recebeu US$ 703 milhões em investimentos, abaixo dos US$ 900 milhões esperados inicialmente.
Neste mês, os valores continuam baixos. Dados parciais fechados pelo Banco Central ontem indicavam o ingresso de US$ 350 milhões em investimentos estrangeiros diretos no país. Ainda segundo o BC, esse valor deve subir para US$ 500 milhões até o próximo dia 30.
Confirmada essa projeção, o Brasil terá recebido US$ 3,2 bilhões em capital externo nos primeiros quatro meses do ano. Mantido esse ritmo, o ingresso de investimentos estrangeiros ficaria em aproximadamente US$ 9,6 bilhões ao longo de 2004 -abaixo, portanto, dos US$ 13 bilhões esperados pelo BC.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que, mesmo com os números ruins obtidos até agora, os investimentos devem se intensificar nos próximos meses. "Essa retração reflete a piora do mercado, que foi afetado pelos atentados de Madri [ocorridos em 11 de março]. A partir de maio deve haver uma recuperação", afirma.
De acordo com Lopes, essa turbulência observada no mercado financeiro internacional também fez com que o país recebesse menos empréstimos no exterior. No mês passado, o setor privado conseguiu renovar apenas 46% das parcelas da dívida externa que venceram no período. Neste mês, essa proporção está em 51%.
Ele afirma, porém, que esse movimento ainda não preocupa, pois os empréstimos contraídos pelo setor privado no início do ano foram suficientes para cobrir as necessidades de financiamento deste mês e de março.
"Muitas empresas anteciparam as captações em janeiro e fevereiro, aproveitando as condições de mercado mais favoráveis", afirmou Lopes.
Entre janeiro e março, as empresas conseguiram renovar 124% dos vencimentos do período -ou seja, captaram o suficiente para rolar as parcelas que venceram e ainda contraíram dívidas adicionais. No mesmo período do ano passado, essa proporção estava em 33%.
No mês passado, a chamada conta financeira -que inclui o fluxo de empréstimos e investimentos estrangeiros para o Brasil- ficou negativa em US$ 1,659 bilhão. O resultado foi influenciado por um pagamento de US$ 1,354 bilhão que o governo fez para o FMI (Fundo Monetário Internacional).


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Gasto de estrangeiros é recorde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.