São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009

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Plano da GM prevê controle do governo

Pela proposta de reestruturação, que ainda terá de ser aprovada, títulos da dívida seriam convertidos em ações da empresa

Montadora também anuncia fechamento de fábricas, corte de um terço de seu pessoal nos Estados Unidos e extinção da marca Pontiac

Bill Pugliano/France Presse
O presidente da GM, Fritz Henderson, durante conferência sobre a reestruturação da empresa

DA REDAÇÃO

Em uma nova tentativa para evitar a concordata, a General Motors propôs ontem a troca de seus títulos de dívida por ações da empresa. Se aprovado, o plano pode levar o governo dos Estados Unidos, seu maior credor, a tomar o controle acionário da montadora. A versão revisada da proposta de reestruturação da GM, que inclui ainda o fechamento de fábricas e revendedoras, o corte de um terço do pessoal fabril nos EUA e a extinção da marca Pontiac, foi bem recebida pelo mercado. As ações da empresa subiram 20,71% em Nova York fecharam a US$ 2,04, apesar do ceticismo de alguns analistas em relação à viabilidade do plano. O próprio presidente-executivo da GM, Fritz Henderson, classificou como "tarefa difícil" convencer os credores a fazer a conversão até 26 de maio, prazo previsto pela empresa para evitar a recuperação judicial. "Precisamos de um modelo de negócios mais seguro e sustentável, porque, francamente, só temos uma oportunidade de promover uma mudança como essa", disse Henderson. "Nosso objetivo aqui é criar uma estratégia que nos permita vencer, e não apenas sobreviver." A GM tem até o dia 1º de junho para apresentar ao governo um programa de reestruturação satisfatório. Se a proposta for aceita, a GM afirmou que conseguirá se desfazer de US$ 44 bilhões em dívidas. Nesse caso, o Tesouro dos EUA e o UAW, sindicato dos trabalhadores da indústria automotiva, passariam a deter até 89% das ações em circulação da empresa. Sozinho, o Tesouro ficaria com mais da metade dos papéis. Segundo Henderson, porém, o governo não deve ter papel de gestor. "O Tesouro não demonstrou nenhum interesse em administrar a companhia." Para Brian Johnson, analista da Barclay's Capital, a oferta da GM aos credores pode não ser suficiente para convencê-los a aderir. Pela proposta, eles receberiam 225 ações, o equivalente a US$ 414 -pela cotação de sexta-, em troca de US$ 1.000 em títulos de dívida que detenham. "A menos que a oferta seja revisada antes do dia 8 de maio, existe a possibilidade de que, ao final do mês que vem, a GM tenha pedido concordata", disse.
Enxugamento
Os cortes anunciados ontem são mais profundos e devem ocorrer de forma mais acelerada que o previsto no plano original, apresentado em fevereiro passado. A GM pretende reduzir de 47 para 34 o número de fábricas nos Estados Unidos até 2010 e eliminar 21 mil vagas. Com isso, o quadro de funcionários na produção passará dos atuais 61 mil para 40 mil no país. A empresa anunciou tampem a decisão de abandonar a tradicional marca Pontiac, lançada em 1926. "Simplesmente não tínhamos uma estratégia que nos permitisse vencer de maneira satisfatória com a marca Pontiac", disse Henderson. "Trata-se de uma marca que tem uma herança considerável em nossa empresa. A decisão me afeta intensamente, e de modo pessoal, de muitas maneiras, mas era necessário tomá-la, consideradas as circunstâncias." A GM pretende ainda se desfazer da marca Saturn até o final deste ano, ou dois anos mais cedo do que o previsto sob o plano original. Duas outras das marcas controladas pela montadora, a Hummer e a Saab, serão vendidas ou fechadas no curto prazo. De acordo com a montadora, esses cortes adicionais permitiriam que ela saísse do vermelho, mesmo que o volume total de vendas de automóveis nos Estados Unidos se reduzisse a 10 milhões de unidades anuais. As vendas projetadas para este ano superam ligeiramente esse número.

Governo Obama
O governo de Barack Obama disse que a revisão do plano reflete o trabalho da GM para encontrar "um novo caminho de estabilidade financeira". De dezembro para cá, a GM recebeu US$ 15,4 bilhões em empréstimos do governo para que escape da concordata enquanto tenta se reestruturar. Ontem, a montadora informou que precisará de mais US$ 11,6 bilhões em empréstimos do governo para se manter operacional durante a reestruturação. Em uma concordata, a GM poderia ter de se separar em duas empresas: a nova GM, que reteria os ativos desejáveis, como as marcas Chevrolet e Cadillac, e uma coleção de seus ativos indesejáveis, que seriam posteriormente liquidados. A GM vem negociando com um comitê improvisado que representa seus maiores credores, mas as partes não conseguiram chegar a um acordo. O comitê alega que há mais de um mês a empresa não vem respondendo aos seus pedidos.
Com o "New York Times"


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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