Nova modalidade permite emprestar até R$ 10 mil para pagamento em 24 vezes

Com a medida, o banco segue a determinação do governo de oferecer mais crédito para enfrentar os efeitos da crise no país

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Da mesma forma que financia a aquisição de eletrodomésticos, a Caixa Econômica Federal começa a oferecer empréstimos para a compra de pacotes de viagem, como havia antecipado a Folha. Essa nova linha obedece à orientação do governo Luiz Inácio Lula da Silva para que os bancos públicos tomem a frente no mercado de crédito, garantindo a disponibilidade de recursos e tentando puxar os juros para baixo.
O crediário da Caixa para o turismo será concedido diretamente nas agências de viagem, as quais funcionarão como uma espécie de correspondente bancário. Os dados do cliente e do pacote escolhido são informados pelo vendedor a um sistema de computador conectado com a Caixa, e a aprovação ou não do financiamento sai na hora. O contrato é firmado entre o banco e o turista, que pode pagar o empréstimo por débito em conta, caso seja correntista da Caixa, ou por boleto.
"O financiamento vem em boa hora para fomentar o mercado. Queremos que a população comece a colocar esse produto na sua prateleira de consumo", disse o ministro do Turismo, Luiz Barreto, durante o lançamento do programa, ontem, em São Paulo.
Embora o esforço tenha como objetivo impulsionar as viagens domésticas, pacotes internacionais também podem ser patrocinados, desde que custem até R$ 10 mil, valor que é o máximo permitido por esse crediário. Na opinião das operadoras do setor, que já oferecem parcelamento em até dez vezes, o grande atrativo da nova modalidade é o prazo de pagamento de até 24 vezes (mínimo R$ 50 cada prestação).
A Caixa não informa qual será o juro cobrado, pois, segundo explica, isso depende da agência de viagem e do tipo de pacote, entre outras variáveis. "Mas serão as menores taxas do mercado no segmento", afirmou Fábio Lenza, vice-presidente de pessoa física do banco. Também não foi divulgado o valor total da linha, que está incluída nos R$ 2,2 bilhões que a Caixa pretende destinar ao setor neste ano. "Teremos todo o dinheiro de que o turismo precisar", frisou Lenza.
Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente do banco, destacou que, apesar da estratégia do governo de aumentar a concessão de crédito para combater os efeitos da crise no Brasil, a saúde financeira da Caixa não está sendo colocada em perigo. "Continuamos com os mesmos critérios de avaliação dos riscos para empréstimos", disse.

Crescimento
A Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem) prevê um aumento de 5% nas vendas de pacotes em 2009 com o auxílio do novo financiamento. Como as lojas ainda precisam ser credenciadas e os funcionários, treinados, deve demorar ainda até duas semanas para que o crédito seja oferecido ao consumidor.
Na CVC, a implementação deve demorar cerca de três meses, pois há "questões operacionais a serem discutidas", nas palavras de Salvador Guardino Neto, presidente do conselho consultivo da operadora.


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