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Acordo prevê 7% de reajuste para aposentado
Governistas fecham entendimento para que benefícios acima de um mínimo subam mais que os 6,14% dados em janeiro
Segundo Romero Jucá, líder do governo no Senado, Lula sinalizou que, se houver acordo da base aliada,
não vetará proposta maior
SIMONE IGLESIAS
FÁBIO AMATO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Governistas fecharam ontem
acordo para aplicação de reajuste de 7% a aposentados que
ganham mais de um salário mínimo. Esse índice é menor que
os 7,71% defendidos inicialmente pelo líder do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), mas fica acima dos 6,14%
propostos pelo governo.
Jucá, o líder do governo na
Câmara, deputado Cândido
Vaccarezza (PT-SP), e os ministros Guido Mantega (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Carlos
Gabas (Previdência) se reuniram na tarde de ontem com o
presidente Lula.
Segundo Jucá, o presidente
sinalizou que, se houver entendimento da base aliada nas
duas Casas em torno do reajuste de 7%, não haverá veto à proposta. O reajuste é retroativo a
janeiro deste ano e deverá custar R$ 7,8 bilhões por ano à Previdência Social.
Mais cauteloso, Vaccarezza
afirmou que o veto ou a sanção
presidencial é uma segunda
etapa. Segundo Vaccarezza,
agora o trabalho dele e de Jucá
é atuar pelo acordo entre deputados, que já haviam concordado com os 7%, e senadores da
base, que defendiam 7,71%.
Apesar de Jucá e Vaccarezza
dizerem que Lula sinalizou favoravelmente ao reajuste de
7%, um dos principais assessores do Palácio do Planalto disse
que não há garantia de que o
presidente aceitará esse percentual maior.
A previsão é que a medida
provisória que concede os
6,14% seja votada hoje na Câmara. Na próxima semana, ela
segue para o Senado.
Ganho a mais
Jucá e Vaccarezza consideraram que qualquer aumento superior aos 6,14% é um "ganho a
mais" para os aposentados.
Vaccarezza disse que esse
percentual [7%] é "robusto" e
que também é considerado limite pela equipe econômica.
Mas, com base na reunião de
ontem à tarde, ele acredita que
Lula poderá ceder.
"Garantia total [de que o presidente Lula irá sancionar o
reajuste de 7%] ainda não [tenho]. Mas a política é a arte da
construção e, [com] a palavra
do relator e líder do governo na
Câmara e do líder do governo
no Senado garantindo o reajuste de 7% dentro do acordo, sem
dúvida nenhuma essa proposta
será sancionada pelo presidente", afirmou Jucá.
O reajuste de 6,14% para os
aposentados que ganham mais
de um salário mínimo custaria
R$ 6,7 bilhões por ano à União.
O aumento de 7% teria um impacto adicional de R$ 1,1 bilhão,
enquanto o aumento de 7,71%
geraria mais R$ 600 milhões
em despesas para o governo
além desse R$ 1,1 bilhão. Os dados são do próprio governo.
Desgaste eleitoral
A disputa em torno do índice
de reajuste das aposentadorias
se deve ao temor de deputados
e senadores de que o apoio à
proposta do governo possa gerar desgaste com essa parcela
do eleitorado.
Por isso, o reajuste de 7,71%
havia obtido o apoio de governistas (inclusive Jucá), além da
oposição. O governo considera
esse índice impraticável e, caso
seja aprovado, deve levar o presidente Lula a vetá-lo em pleno
ano eleitoral. O reajuste para
quem ganha um salário mínimo foi de 9,6%, em janeiro.
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