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Grécia é rebaixada e Bolsas caem pelo mundo
Agência tira status de grau de investimento do país em meio a temores sobre calote; FMI pode entrar com mais 10 bi, diz jornal
Pacote anunciado na
sexta por UE e Fundo pode
não ser suficiente para
Grécia rolar dívida; Portugal
também tem nota rebaixada
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A agência de classificação de
risco Standard and Poor's rebaixou ontem a avaliação dos
títulos da dívida da Grécia e retirou do país o status de grau de
investimento, que serve no
mercado como uma espécie de
atestado de bom pagador. O movimento, apenas dois
dias úteis após a União Europeia e o FMI anunciarem um
pacote de 45 bilhões (R$107
bilhões) para salvar Atenas de
um calote e preservar o euro,
sinaliza descrédito e alimenta a
ansiedade do mercado quando
o ágio sobre os bônus gregos já
bate recordes.
Apesar das reiteradas promessas de socorro, a Grécia,
que só na sexta decidiu lançar
mão da oferta, encontra cada
dia mais dificuldade para refinanciar os quase 50 bilhões
que tem para vencer neste ano.
A S&P rebaixou a avaliação
dos títulos com vencimento no
longo prazo para BB+ -no jargão, "junk", lixo- com perspectiva de piora. Para os de
curto prazo, a classificação é B.
Todos os países europeus são
pelo menos A.
"O rebaixamento vem de
nossa avaliação dos desafios
políticos, econômicos e orçamentários que o governo grego
enfrenta para colocar a dívida
pública em uma trajetória de
baixa que se sustente", escreveu o analista Marko Mrsnik
em comunicado no site da S&P.
"As opções políticas do governo estão diminuindo diante
dos prospectos cada vez mais
frágeis de crescimento da economia bem no momento em
que a pressão por medidas de
ajuste fiscal aumenta", segue o
texto, aludindo à dificuldade de
impor novos cortes ante a crescente oposição popular.
Foi o suficiente para fazer a
Bolsa de Atenas recuar 6%, ressoando em toda a Europa. Londres recuou 2,61%; Paris,
3,82%; Frankfurt, 2,73%. Em
Nova York, houve queda de
1,90%. A Bovespa caiu 3,43%
(leia ao lado). O euro foi cotado
a US$ 1,32, menor nível ante o
dólar em cerca de um ano.
Para piorar, a S&P rebaixou a
classificação dos papéis de Portugal, outro país com dívida inchada, para A- (ainda grau de
investimento e superior à nota
brasileira: BBB-).
O movimento indica que as
discordâncias dentro da UE sobre o pacote grego ofuscam seu
efeito. Enquanto França e Itália pedem urgência, a Alemanha, que deve contribuir com
mais da metade da parcela europeia de 30 bilhões, resiste
em abrir o cofre diante da forte
oposição da opinião pública.
Sem aval do Parlamento em
Berlim não há pacote.
Além disso, o valor do plano
-anunciado após longo vaivém
sobre como rachar a conta e a
resistência em recorrer ao
FMI- mal banca a rolagem
neste ano. Só até o fim de maio
vencem quase 20 bilhões.
O socorro pode vir exatamente de onde a UE não quer:
segundo o "Financial Times", o
FMI, que já havia anunciado linha de crédito de 15 bilhões
(R$ 36 bilhões) dentro do pacote conjunto, estuda oferecer
mais 10 bilhões. O credito seria concedido perante a adoção
de mais medidas de arrocho
pelo país, obrigado a cortar dez
pontos seu deficit fiscal de
13,6% até 2013.
Leia a coluna de Clóvis
Rossi
www.folha.com.br/1011718
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