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BID repassa US$ 180 milhões para financiar exportações brasileiras
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O BID (Banco Interamericano
de Desenvolvimento) ratificou
ontem com o Bradesco a operação de repasse de US$ 180 milhões
para financiamento de exportações de empresas brasileiras. É a
primeira vez que o BID direciona
recursos para exportações no
Brasil por meio de bancos privados.
Em março deste ano, o BID havia aprovado uma linha de crédito
de US$ 1 bilhão para financiamento de exportações na América Latina e Caribe. É dessa linha
que serão originários os US$ 500
milhões que o banco pretende repassar a instituições brasileiras
em 2003. Ou seja, o Brasil ficará
com metade do total destinado
pelo banco ao continente.
O presidente do BID, Enrique
Iglesias, afirmou em São Paulo
que negocia com outros dois bancos brasileiros acordos semelhantes ao assinado com o Bradesco.
Nesse tipo de operação, o BID
acaba exercendo o papel de catalisador de investidores: vale-se de
seu prestígio e dos avais que pode
oferecer para aumentar o número
de participantes na operação.
Dos US$ 180 milhões oferecidos
ao Bradesco, não mais que US$ 50
milhões efetivamente saíram do
BID, US$ 60 milhões foram postos à disposição por um grupo de
17 bancos estrangeiros (que receberam garantias do BID) e os restantes US$ 70 milhões pelo IFC, o
braço do Banco Mundial que empresta ao setor privado.
Dessa forma, ""alavancado" pelo
BID, o volume final de crédito para financiamento de exportações
pode multiplicar em duas ou até
três vezes, segundo analistas. O
BID já atuava no financiamento
de empresas exportadoras no
país, mas por meio de um banco
estatal, o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social).
No final do ano passado, em
meio às turbulências atribuídas
ao processo eleitoral, os financiamentos externos para empresas
brasileiras ""secaram", processo
que tem se revertido, aos poucos,
desde janeiro. ""A queda do risco
Brasil a um terço do que era no final do ano passado representa a
retomada da confiança no país
por parte da comunidade financeira", disse Iglesias.
O Bradesco captou os recursos
com taxa Libor (taxa básica inglesa) mais 2% ao ano -o que resulta em taxa final de 3,5% ao ano. A
assessoria do banco informou
que as linhas de crédito para as
empresas exportadoras terão juros entre 4% e 9,5% ao ano, mais
variação cambial. Ao determinar
os juros, os emprestadores avaliam desde o tamanho da empresa
ao risco político dos países para os
quais estarão exportando.
"Repassamos o dinheiro para o
setor privado, mas as negociações
[sobre as taxas de juros a serem
cobradas] dependem da relação
com o cliente", disse Iglesias.
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, que também
manteve reunião com Iglesias,
disse que o governo pretende que
o BID destine ao Brasil parte dos
US$ 2,8 bilhões que mantém em
carteira neste ano para investimentos em infra-estrutura.
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