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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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BID repassa US$ 180 milhões para financiar exportações brasileiras

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) ratificou ontem com o Bradesco a operação de repasse de US$ 180 milhões para financiamento de exportações de empresas brasileiras. É a primeira vez que o BID direciona recursos para exportações no Brasil por meio de bancos privados.
Em março deste ano, o BID havia aprovado uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para financiamento de exportações na América Latina e Caribe. É dessa linha que serão originários os US$ 500 milhões que o banco pretende repassar a instituições brasileiras em 2003. Ou seja, o Brasil ficará com metade do total destinado pelo banco ao continente.
O presidente do BID, Enrique Iglesias, afirmou em São Paulo que negocia com outros dois bancos brasileiros acordos semelhantes ao assinado com o Bradesco.
Nesse tipo de operação, o BID acaba exercendo o papel de catalisador de investidores: vale-se de seu prestígio e dos avais que pode oferecer para aumentar o número de participantes na operação.
Dos US$ 180 milhões oferecidos ao Bradesco, não mais que US$ 50 milhões efetivamente saíram do BID, US$ 60 milhões foram postos à disposição por um grupo de 17 bancos estrangeiros (que receberam garantias do BID) e os restantes US$ 70 milhões pelo IFC, o braço do Banco Mundial que empresta ao setor privado.
Dessa forma, ""alavancado" pelo BID, o volume final de crédito para financiamento de exportações pode multiplicar em duas ou até três vezes, segundo analistas. O BID já atuava no financiamento de empresas exportadoras no país, mas por meio de um banco estatal, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
No final do ano passado, em meio às turbulências atribuídas ao processo eleitoral, os financiamentos externos para empresas brasileiras ""secaram", processo que tem se revertido, aos poucos, desde janeiro. ""A queda do risco Brasil a um terço do que era no final do ano passado representa a retomada da confiança no país por parte da comunidade financeira", disse Iglesias.
O Bradesco captou os recursos com taxa Libor (taxa básica inglesa) mais 2% ao ano -o que resulta em taxa final de 3,5% ao ano. A assessoria do banco informou que as linhas de crédito para as empresas exportadoras terão juros entre 4% e 9,5% ao ano, mais variação cambial. Ao determinar os juros, os emprestadores avaliam desde o tamanho da empresa ao risco político dos países para os quais estarão exportando.
"Repassamos o dinheiro para o setor privado, mas as negociações [sobre as taxas de juros a serem cobradas] dependem da relação com o cliente", disse Iglesias.
O ministro do Planejamento, Guido Mantega, que também manteve reunião com Iglesias, disse que o governo pretende que o BID destine ao Brasil parte dos US$ 2,8 bilhões que mantém em carteira neste ano para investimentos em infra-estrutura.


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