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União realiza aperto fiscal R$ 14 bi maior que a meta
Aumento na arrecadação explica resultado, mas Tesouro prevê recuo no ano
Secretário do Tesouro diz que, com gastos contidos em momento de crescente arrecadação, está dando sua contribuição contra inflação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tesouro Nacional superou
em R$ 14,4 bilhões a meta de
economia para o pagamento de
juros da dívida pública prevista
até abril. O resultado mostra
que o chamado superávit primário do governo central (o Tesouro, a Previdência Social e o
Banco Central) acumulado no
ano chegou a R$ 48,034 bilhões. Só em abril, a economia
foi de R$ 16,745 bilhões.
O compromisso do governo
central é economizar R$ 62,6
bilhões até dezembro, o equivalente a 2,2% do PIB. O superávit até abril é de 5,31% do PIB,
explicado principalmente pela
arrecadação de impostos,
16,5% maior do que a do mesmo período de 2007. Já a meta
de superávit primário para as
contas públicas como um todo
(incluindo estatais, municípios
e Estados) é de 3,8% do PIB.
Apesar do bom desempenho,
o secretário do Tesouro, Arno
Augustin, preferiu ressaltar o
caráter sazonal do resultado,
dizendo que não deve se manter até o final do ano. "No começo do ano o superávit é mais
forte" porque a execução das
despesas é mais lenta no início
do ano, disse ele.
Na análise oficial, os ganhos
recorrentes de arrecadação são
"atípicos" e não podem servir
para financiar despesas permanentes. Augustin defende que
esses ganhos de receita sejam
direcionados para um fundo e
possam funcionar como uma
poupança para o país.
O destino cogitado pelo governo para o superávit maior é
o fundo soberano. Por meio
desse instrumento, os ganhos
de arrecadação seriam direcionados para a compra de dólares
e depois reinvestidos em empresas brasileiras no exterior.
A principal preocupação de
Augustin foi responder às críticas sobre o aumento de gastos
do governo, que alimentaria a
inflação. Disse que "no momento" o Tesouro tem contribuído para reduzir a demanda
da economia e, assim, as pressões para aumento dos juros.
"Os impulsos fiscais nesse
momento são contracionistas.
O superávit e a queda nas despesas mostram isso. Isso pode
mudar, mas, nesse momento, é
contracionista", afirmou.
O secretário citou as despesas com pessoal como exemplo
-estão crescendo 5,2% menos
do que no ano passado se forem
comparadas à variação do PIB
sem descontar o efeito da inflação. Esses números, no entanto, não levam em conta o impacto de R$ 7,5 bilhões que os
aumentos concedidos ao funcionalismo ainda terão sobre os
gastos públicos. No agregado,
as despesas caíram 2,8%.
As despesas do governo são
um dos principais itens analisados pelo BC para definir os
juros.
O resultado das contas do governo até abril não mostram
mudança no ritmo de investimentos. O PPI (Projeto Piloto
de Investimento), que reúne as
obras prioritárias da área de infra-estrutura, pagou R$ 1,636
bilhão até abril. A projeção para
o ano é gastar R$ 13,8 bilhões.
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