São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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Sem acordo com credores, GM fica perto da concordata

Expectativa é que governo dos EUA tenha de injetar mais US$ 50 bi na empresa

Na Europa, a Opel, braço local da GM, é disputada por 3 grupos multinacionais e terá ajuda do governo da Alemanha para se salvar


Spencer Platt/France Presse
Advogado envolvido no possível pedido de concordata da GM leva caixas de documentos à corte de falências de Nova York

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A General Motors deu ontem um novo e quase certo passo na direção da maior concordata da história industrial norte-americana. Os credores da montadora não concordaram com uma proposta de troca de dívidas de US$ 27 bilhões por ações, deixando a GM sem opção, a não ser a concordata.
A GM precisava da aprovação de 90% de seus credores na troca de dívida por ações. A operação abriria a possibilidade de a empresa apresentar um novo plano de reestruturação ao governo dos EUA. A proposta recusada pelos credores fazia parte de um programa de redução de até US$ 44 bilhões no endividamento da empresa para que ela pudesse se qualificar para receber novas ajudas do Tesouro norte-americano.
O Tesouro havia concedido prazo até 1º de junho para isso, a fim de manter a ajuda financeira que vem sustentando a montadora. No total, a GM já recebeu US$ 19,4 bilhões em socorro federal neste ano.
Pela proposta recusada, os credores ficariam com cerca de 10% da GM após a sua reestruturação. A recusa se deu pelo fato de os credores terem constatado que ficariam em posição muito desfavorável perante um fundo da UAW (United Auto Workers, que reúne os trabalhadores da empresa).
Na reestruturação, a UAW, com menos dívida a receber do que o restante dos credores, ficaria com 17,5% da companhia e garantias de compra de outros 2,5%. Segundo o plano de reestruturação, que agora naufragou, o governo dos EUA ficaria com os 70% restantes.
Isso significaria uma virtual estatização da General Motors. A falta de acordo com os credores agora muda o quadro, e a empresa terá de buscar a sua reestruturação sob proteção judicial contra os credores.
Mesmo assim, a expectativa é que o governo dos EUA injete cerca de US$ 50 bilhões a mais na GM, o que tornará o Tesouro de longe seu principal acionista. Não está claro ainda qual será o papel das autoridades federais no comando da empresa após sua reestruturação final.
Há duas semanas, a GM anunciou que fechará as linhas de produção de marcas deficitárias e que reduzirá em 40% o total de concessionárias autorizadas a vender seus veículos nos EUA. No final da tarde de ontem, diante da expectativa da concordata iminente, as ações da GM na Bolsa de Nova York caíram 20,1%, fechando pouco acima de US$ 1.
Nos EUA, a GM perdeu cerca de US$ 10 bilhões no primeiro trimestre. O prejuízo ultrapassa os US$ 88 bilhões desde 2005, quando o mercado de automóveis norte-americano começou a entrar em crise.
Os problemas financeiros da GM pioraram a partir de setembro de 2008, quando a crise no crédito explodiu e afetou a venda de automóveis nos EUA.
Com a concordata, a GM segue o mesmo caminho da Chrysler, já sob supervisão judicial. Para os próximos dias, é aguardada decisão que permita à italiana Fiat, a sindicatos de trabalhadores e aos governos dos EUA e do Canadá controlar a "nova Chrysler", já reestruturada, em troca do pagamento de US$ 2 bilhões a credores.

GM europeia
Simultaneamente à negociação nos EUA, autoridades do governo da Alemanha (onde fica metade das operações da GM na Europa) se reuniram ontem para decidir o futuro da Opel, o braço europeu da GM, e escolher quem ficará com o comando da companhia na região. A italiana Fiat, a canadense Magna e a RHJ International (um fundo de investimentos sediado em Bruxelas) são os candidatos a salvar a empresa.
Até o fechamento desta edição, com o governo alemão ainda reunido, ainda não havia decisão sobre quem ficará com as operações no continente (menos a marca sueca Saab).
O governo alemão também prevê uma ajuda de US$ 2,1 bilhões para manter a Opel e seus 50 mil funcionários à tona durante a reestruturação.


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