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LUÍS NASSIF
O analista Constantin e o Brasil
Quem faz a cabeça dos investidores internacionais?
A historinha abaixo -verídica- explica um pouco o porquê de o mercado julgar que o Brasil tem risco maior que a Nigéria ou do que a própria Colômbia conflagrada.
Constantin Menges se apresenta como "analista de temas
internacionais para o governo
norte-americano, no período
1983-1986". Não existe nada sobre ele na internet, sinal de que
ou é muito reservado ou muito
irrelevante.
No dia 21 de junho ele foi um
dos três analistas contratados
pela Prudencial Securities para
uma "conference call" com analistas do mundo inteiro. O sujeito recebia um número de telefone, o 706-645-9291, e uma senha. E tinha direito de ouvir e
de perguntar a Constantin, o
analista político.
Logo de início, Constantin, o
cartesiano, anunciou que se recusava a tratar o candidato do
PT por Lula, porque pareceria
muito carinhoso. Seria Mr. Silva. Sua avaliação sobre Mr. Silva é definitiva. "O radicalismo
de Silva e do seu partido preocupa, e é evidente que ele fará
um governo muito parecido
com o de Hugo Chávez, se for
eleito."
Assim como Chávez, na visão
de Constantin, Lula se aliará a
países terroristas, como Irã, Iraque e Cuba. E fará treinamento
de guerrilha conjuntamente
com as Farc, na Colômbia. O
atilado Constantin assegura
que Mr. Silva tem participado
de encontros com outros líderes
comunistas e discutido temas
militares com Fidel Castro e
Chávez. "Mas todo esse radicalismo ficou escondido depois
que ele fez a barba, usou terno e
escolheu um empresário para
vice presidente."
Como todo cientista isento e
racional, Constantin trabalha
com indicadores. Segundo eles,
as chances de Mr. Silva vencer
são de 60% e as de ele declarar
"default" da dívida depois da
vitória são de 80%.
O conselho de Constantin é
que o presidente George W.
Bush negue visto de entrada a
Lula em território norte-americano e declare ao mundo que
Mr. Silva apóia o terrorismo.
Indagado por um dos presentes se os militares poderiam impedir a posse de Lula, Constantin foi taxativo: "Fontes muito
seguras me disseram que Silva e
o PT estão treinando militarmente o MST (parceiro mais radical deles) com as Farc. De 80
mil a 100 mil homens do MST
estarão prontos para cercar as
bases operacionais dos militares
se eles ameaçarem fazer alguma coisa".
Qual a saída para a democracia ocidental? "Às vezes, é preciso fazer uma intervenção militar para remover o radicalismo
e restabelecer a democracia.
Nesses casos, a intervenção militar é justificável."
A Prudencial Securities é uma
das maiores seguradoras do
mundo. E a eminente zebra listrada, de nome Constantin, é a
prova cabal da enorme consistência das análises do mercado
internacional.
A exuberante imaginação do
Constantin ainda está disponível no mesmo telefone, para
quem possua senha de acesso.
Os C-Bond
O Diretor da Área Internacional do Banco Central, Beny
Parnes, entra em contato para
justificar a operação de compras de C-Bond pelo BC -bastante criticada no mercado pela
falta de transparência.
Segundo ele, o mercado de C-Bond é o mais líquido dentre os
títulos de países emergentes,
movimentando pelo menos US$
500 milhões ao dia. O Banco
Central já cumpriu suas metas
de captação neste ano.
Desde o início do ano, a maior
preocupação do banco era com
os vencimentos de 2003 e 2004,
que estão acima da média. São
US$ 4,5 bilhões em 2003 e US$
6,7 bilhões em 2004, com impacto direto sobre as reservas.
O que o Banco Central fez foi
quitar antecipadamente a dívida aproveitando os preços absolutamente irreais do papel na
semana passada. No plano financeiro, fez um belo negócio,
já que a aplicação renderá 20%
ao ano.
Sua primeira intenção foi reduzir a pressão de vencimento
nos próximos anos. Subsidiariamente foi demonstrar a confiança do Banco Central nos seus próprios papéis. Pela natureza da operação, diz ele, obviamente não se pode revelar seus detalhes. O BC anunciou que dispõe de US$ 3 bilhões para
operar esses mercados, mas poderá aumentar o valor.
Mas que deixou o mercado inquieto deixou.
E-mail - lnassif@uol.com.br
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