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DEZ ANOS DE REAL
Preços sob controle e juros maiores criam ambiente para a proliferação das opções de investimento, que rendem acima da inflação
Mercado de fundos experimenta boom
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de fundos de investimentos cresceu com ímpeto desde a adoção do Plano Real. Houve, nos últimos dez anos, a proliferação de produtos financeiros
oferecidos aos investidores e um
aumento no número de fundos.
Analistas apontam fatores como o controle da inflação e a manutenção dos juros elevados como fomentadores do processo.
O número de fundos disponíveis no mercado saltou de 91 em
1993 (ano anterior à criação do
real) para 4.794 neste ano, segundo a Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento).
Já o patrimônio líqüido dos fundos passou de R$ 98,7 bilhões em
93 para R$ 542,4 bilhões agora.
Marcelo D'Agosto, sócio do site
Fortuna, que faz análise das aplicações, afirma que a criação da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira,
que entrou em vigor em 97) ajudou a dar fôlego aos fundos.
Os CDBs -então importante
aplicação no período e que passou a ter a cobrança da CPMF-
perderam, apenas em janeiro de
97, R$ 7,5 bilhões líqüidos, que
migraram, em grande parte, para
fundos isentos do tributo.
"O controle da inflação permitiu que as pessoas passassem a
planejar seus investimentos pensando dois, três anos à frente. Antes, isso era impossível", diz Ricardo Magalhães, gestor da Mellon Global Investments.
Ganhar da inflação nos primeiros dez anos do Real não foi tarefa
das mais difíceis para quem aplicou suas economias, independentemente do tipo de investimento.
Até mesmo a caderneta de poupança, considerada a aplicação
mais ao gosto dos conservadores,
acumulou rentabilidade de 352%
no período, segundo a consultoria Economática. Quem tivesse
aplicado R$ 10 mil em junho de 94
na poupança -e não tivesse mexido até hoje- contaria atualmente com R$ 45,2 mil.
A inflação, pelo IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo),
subiu 167% nos últimos dez anos.
Há aplicações que foram criadas ou só ganharam espaço no
mercado após 94, mas que, mesmo assim, tiveram ganho bem
acima da inflação desde então.
Os fundos cambiais, por exemplo, registraram rentabilidade
média acumulada de 580,4% entre o fim de 95 e junho deste ano.
Além de acompanharem a variação do dólar (sendo formados
principalmente por títulos que seguem o sobe-e-desce da moeda),
os fundos cambiais ainda rendem
juros. Do fim de julho de 94 até a
última sexta-feira, o dólar subiu
230,9% diante do real.
"Os administradores aproveitaram o maior interesse e a crescente procura por fundos de investimentos a partir da segunda metade da década de 90 para lançar
novos produtos", diz Marcos De
Callis, diretor de investimentos da
HSBC Asset Management.
Apesar de o balanço ser positivo
na indústria de fundos, o mercado passou por alguns traumas.
Em maio de 2002, quando o governo resolveu alterar as regras de
contabilização dos títulos que formam os fundos, o mercado passou por grande turbulência.
Muitos fundos, principalmente
no segmento dos DI e de renda fixa, perderam rentabilidade, chegando a ficar no vermelho. Um
grande número de investidores
sacou os recursos aplicados em
fundos, com medo de prejuízos.
O resultado foi uma captação líqüida (diferença entre saques e
aplicações) negativa de R$ 60 bilhões em 2002.
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