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Gás importado da Bolívia sobe 10%
Petrobras pagará mais pelo produto trazido do país vizinho e repassará 6% às distribuidoras locais
Segundo estatal, reajuste segue contrato firmado com governo boliviano; preço ao consumidor em SP não deve
aumentar imediatamente
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras anunciou ontem
reajuste de 10% no preço do gás
importado da Bolívia. A estatal
repassará um aumento de 6%
às distribuidoras de gás de São
Paulo, de Mato Grosso do Sul e
da região Sul do país, que compram dela o produto boliviano.
Segundo a Petrobras, o reajuste segue os termos do contrato de fornecimento firmado
com a Bolívia, que prevê reajustes trimestrais. Ou seja, não estaria relacionado à pressão do
governo boliviano para elevar o
preço do produto fora dos parâmetros contratuais, um dos
pleitos do país vizinho desde
que nacionalizou as reservas de
petróleo e gás, em 1º de maio, e
encampou ativos de empresas
estrangeiras, inclusive da Petrobras.
O governo da Bolívia já anunciou que quer rever o contrato e
aumentar o preço de referência
do gás para mais de US$ 5 o milhão de BTU (medida britânica
de potencial energético). A Petrobras diz que segue as regras
de reajustes previstas no contrato. Atualmente, a estatal importa da Bolívia cerca de 26 milhões de metros cúbicos de gás
por dia. Paga US$ 3,43 por milhão de BTU até o volume de 16
milhões de metros cúbicos/dia.
Acima desse total, o custo sobe
para US$ 4,21. A Petrobras informou que os novos valores do
gás só serão divulgados no começo de julho, mas, considerando o reajuste de 10%, passariam para US$ 3,77 e US$ 4,63
por milhão de BTU.
Pelo contrato assinado com a
estatal boliviana YPFB, o reajuste do gás é definido de acordo com a variação do preço internacional de alguns tipos de
óleo combustível (substituto
do gás na indústria) e a oscilação da taxa de câmbio. Todos os
produtores de gás da Bolívia
vendem o produto à YPFB (inclusive a Petrobras Bolívia, a
maior do país), que o repassa à
estatal brasileira.
O último reajuste da Petrobras às distribuidoras havia sido em maio, quando o preço do
gás da Bolívia aumentou 5,4%.
Para o presidente da Abegás
(Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás
Canalizado), Romero de Oliveira, o reajuste dentro dos termos
do contrato não gera "surpresa" nem a distribuidoras nem a
consumidores industriais, que
já contavam com o aumento. O
que assusta, diz, é a ameaça da
Bolívia de romper o contrato.
Ao consumidor
No Estado de São Paulo, porém, a agência reguladora
CSPE (Comissão de Serviços
Públicos de Energia) informou
que não deve autorizar aumentos para a Comgás, a Gás Natural São Paulo Sul e a Gás Brasiliano (as duas últimas atuam no
interior), embora ainda analise
a questão.
Segundo a agência, a tendência é incorporar esse reajuste à
revisão anual da tarifa prevista,
que acontece no aniversário do
contrato de concessão -no caso da Comgás, é em maio.
No Rio Grande do Sul, onde o
serviço de distribuição de gás
não é regulado pelo Estado, a
Sulgás informou que subirá o
gás em 7,5% para indústrias e
consumidores de GNV 4,5%
para os clientes residenciais.
A Compagás, distribuidora
do Paraná, decidirá até sexta-feira se repassa ou não o reajuste. A SCGÁS, de Santa Catarina,
informou que ainda não foi notificada do aumento.
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