São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Governo diminui aperto fiscal para pagar juro

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A queda do dólar levou ao aumento dos gastos para pagar os juros da dívida pública no mês passado, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Em maio, essas despesas somaram R$ 16,747 bilhões, valor 36% maior que as de abril.
Desse total, R$ 9,295 bilhões foram cobertos com o superávit primário obtido no período pelo setor público como um todo (governo federal, Estados, municípios e estatais). O restante foi refinanciado, o que ajudou a elevar a relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto) de 44,2% em abril para 44,7% em maio.
O aperto fiscal do mês passado ficou bem abaixo dos R$ 23,458 bilhões de abril, mas o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que a queda já era esperada. "Normalmente, o número de maio é mais baixo, devido à concentração de receitas em abril." É em abril, por exemplo, que o governo arrecada as primeiras parcelas (ou a cota única) do IR da pessoa física.
Entre janeiro e maio, o aperto fiscal do setor público somou R$ 60,027 bilhões. No mesmo período, as despesas com juros somaram R$ 67,884 bilhões.
O superávit primário acumulado nos últimos 12 meses equivale a 4,29% do PIB, acima, portanto, da meta de 3,8% fixada para 2007. Embora o cumprimento desse objetivo pareça razoavelmente provável, os números já começam a refletir o custo da tentativa do governo de conter a valorização do real.

Prejuízo
Nos últimos meses, o BC tem intensificado suas operações com o chamado "swap cambial reverso" (contrato por meio do qual alguns bancos que operam no mercado financeiro se comprometem a pagar ao BC toda a variação do dólar que ocorrer em determinado período).
Em tese, a medida ajuda a conter a valorização do real, pois equivale a uma compra de dólares no mercado futuro. Porém, ao se tornar credor, em dólares, dos bancos, o Banco Central passa a amargar prejuízo sempre que a moeda dos Estados Unidos se desvalorizar, como ocorreu no mês passado. As perdas são contabilizadas como gastos com juros.
"O governo fez um primeiro trabalho importante ao zerar a exposição cambial da dívida pública, mas agora é credor em uma moeda mundialmente fraca", diz o economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz.
Para ele, foi positiva a redução da parcela da dívida corrigida pelo dólar, mas é preciso mais atenção agora que o endividamento cambial não só foi zerado como o governo tem créditos a receber indexados à moeda norte-americana.


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