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Governo diminui aperto fiscal para pagar juro
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda do dólar levou ao aumento dos gastos para pagar os
juros da dívida pública no mês
passado, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Em maio, essas despesas
somaram R$ 16,747 bilhões, valor 36% maior que as de abril.
Desse total, R$ 9,295 bilhões
foram cobertos com o superávit primário obtido no período
pelo setor público como um todo (governo federal, Estados,
municípios e estatais). O restante foi refinanciado, o que
ajudou a elevar a relação entre
a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto) de 44,2% em
abril para 44,7% em maio.
O aperto fiscal do mês passado ficou bem abaixo dos R$
23,458 bilhões de abril, mas o
chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que a queda já era esperada.
"Normalmente, o número de
maio é mais baixo, devido à
concentração de receitas em
abril." É em abril, por exemplo,
que o governo arrecada as primeiras parcelas (ou a cota única) do IR da pessoa física.
Entre janeiro e maio, o aperto fiscal do setor público somou
R$ 60,027 bilhões. No mesmo
período, as despesas com juros
somaram R$ 67,884 bilhões.
O superávit primário acumulado nos últimos 12 meses equivale a 4,29% do PIB, acima,
portanto, da meta de 3,8% fixada para 2007. Embora o cumprimento desse objetivo pareça
razoavelmente provável, os números já começam a refletir o
custo da tentativa do governo
de conter a valorização do real.
Prejuízo
Nos últimos meses, o BC tem
intensificado suas operações
com o chamado "swap cambial
reverso" (contrato por meio do
qual alguns bancos que operam
no mercado financeiro se comprometem a pagar ao BC toda a
variação do dólar que ocorrer
em determinado período).
Em tese, a medida ajuda a
conter a valorização do real,
pois equivale a uma compra de
dólares no mercado futuro. Porém, ao se tornar credor, em
dólares, dos bancos, o Banco
Central passa a amargar prejuízo sempre que a moeda dos Estados Unidos se desvalorizar,
como ocorreu no mês passado.
As perdas são contabilizadas
como gastos com juros.
"O governo fez um primeiro
trabalho importante ao zerar a
exposição cambial da dívida
pública, mas agora é credor em
uma moeda mundialmente fraca", diz o economista-chefe do
BNP Paribas, Alexandre Lintz.
Para ele, foi positiva a redução da parcela da dívida corrigida pelo dólar, mas é preciso
mais atenção agora que o endividamento cambial não só foi
zerado como o governo tem
créditos a receber indexados à
moeda norte-americana.
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