São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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Lula diz que venda da Varig é "caso encerrado'

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente Lula disse ontem que o processo de venda da Varig é um "caso encerrado" e classificou de "falsa manchete" a suposta influência do advogado Roberto Teixeira nas negociações. "Acho um absurdo que alguém invente uma suspeita sobre um acordo feito e determinado por um juiz do começo ao fim", disse Lula ontem, em Caracas, ao ser questionado sobre a participação de Teixeira, seu compadre, no negócio.
"Quem criou a mentira ou quem inventou a falsa manchete que se explique para a sociedade. As pessoas que não fiquem procurando no presidente da República respostas para coisas que quem criou a manchete tem de responder", continuou Lula, ao lado do presidente Hugo Chávez, durante evento na estatal PDVSA.
"Graças a Deus, teve alguém que comprasse [a Varig], porque senão iria falir definitivamente", encerrou, arrancando aplausos da audiência de cerca de 400 pessoas, a maioria funcionários da PDVSA vestida com camisas vermelhas.
Teixeira é advogado do fundo americano Matlin Patterson, que integrou sociedade com empresários brasileiros que comprou a VarigLog.
Reportagem da Folha publicada na terça-feira revelou que Teixeira esteve ao menos seis vezes no Planalto com Lula desde 2006, em encontros não registrados pela agenda pública do presidente.
No início deste mês, a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu acusou a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) de interferência no processo de venda da Varig para a VarigLog.

De gás a mortadela
Lula e Chávez encerraram seu quarto encontro bilateral em nove meses com a assinatura de 21 acordos entre governos e empresas dos dois países.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, assinou "acordo de princípios" para a compra de gás natural liqüefeito (GNL) venezuelano a partir de 2013. A previsão é que o volume inicial fique em torno de 4 milhões de metros cúbicos/dia.
A Petrobras e a PDVSA, por outro lado, não fecharam o contrato para a sociedade da refinaria de Pernambuco, que já está em construção, mas apenas com investimento brasileiro. Questionado sobre a demora, Lula disse que "isso não é uma ação entre amigos, é um acordo entre dois Estados e duas grandes empresas, e nós queremos que os acordos sejam para muitos anos".
Gabrielli disse que "houve avanços" nas negociações, mas não comentou quais são os pontos sem consenso.
Os acordos assinados ontem no encontro presidencial incluíram até a venda de 20 mil toneladas de frango pela Sadia e 12 mil toneladas de mortadela pela Seara.


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