São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Emergentes puxarão alta no setor, diz executivo

ENVIADA A CANNES

Martin Sorrell comanda o WPP, maior grupo de agências de propaganda do mundo. São 2.000 escritórios em 107 países, com mais de 135 mil empregados e US$ 15 bilhões em faturamento. No grupo, estão agências como JWThompson, Ogilvy e Hill&Knowlton. Considerado um visionário, Sorrell recebeu a Folha no hotel Carlton, em Cannes.

 

FOLHA - Como ficará o mercado de publicidade após a crise?
MARTIN SORRELL -
Eu bem que gostaria de saber [risos]. Steve Ballmer [presidente da Microsoft] afirmou que o mercado de publicidade, em relação ao PIB, será igual ou menor no futuro. Acho que será igual ou maior.
Depende do que você define como publicidade. Se envolver propaganda e serviços de marketing, como construção tradicional de marca, mídia, relações públicas, pesquisas de mercado, áreas digitais interativas, internet, entre outras, será definitivamente maior. Certamente, esse mercado vai crescer no Brasil, na América Latina, na Ásia, na Europa Central e do Leste, na África e no Oriente Médio. A visão de Steve é mais americana, de um mercado maduro. Nos Brics e no que chamamos de os próximos 11 [mercados emergentes], que respondem por 27% dos nossos negócios, os resultados vão crescer. A Europa Ocidental vai ficar estável, e nos EUA talvez cresçam um pouco.

FOLHA - Sua estratégia de diversificação é regional?
SORRELL -
Temos três estratégias de crescimento. Uma é de novos mercados, que respondem por quase 30% do faturamento. Outra são novas mídias, que equivalem a 25% dos US$ 15 bilhões que faturamos ao ano. E, finalmente, entendimento do consumidor. São US$ 4 bilhões de pesquisas. Dados sobre consumidores são cada vez mais importantes.

FOLHA - Se no longo prazo a área vai crescer, como será no curto?
SORRELL -
Este ano será muito difícil. No primeiro trimestre, tivemos baixa de 5,8% nos negócios, mas a América Latina teve alta. Em abril e em maio, houve mais pressão na região, mas ainda está estável. Esperamos que o Brasil, neste ano, tenha desempenho estável ou pequena queda. O México, apesar da gripe suína, está indo bem. A Colômbia também, e a Argentina está incrivelmente forte. Crescemos dois dígitos por lá, talvez por causa das eleições. A posição do Brasil no mundo está muito mais forte. Apesar de no curto prazo ser difícil, vamos ver um pouco de recuperação em janeiro de 2010. Vai parecer um pouco melhor porque, na comparação com o ano anterior, a base vai ser fraca.

FOLHA - No Brasil, a mídia tradicional segue muito forte. Quanto tempo isso vai durar?
SORRELL -
O Brasil é um mercado dominado pela televisão, mas celulares, PCs e a penetração da internet estão ficando mais importantes. Jornais e revistas sentirão cada vez maior pressão das comunidades on-line e das redes sociais. O Brasil irá se tornar semelhante aos mercados maduros.

FOLHA - As empresas de tecnologia vão avançar na comunicação?
SORRELL -
No ano passado, recebi num painel Google, Microsoft, Yahoo e AOL. As empresas de tecnologia ainda não entenderam -ou não querem aceitar- que são empresas de mídia. Elas não são diferentes, na nova área de mídia, de NewsCorp, Viacom, CBS ou Disney. São atores da mídia.


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