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Emergentes puxarão alta no setor, diz executivo
ENVIADA A CANNES
Martin Sorrell comanda o
WPP, maior grupo de agências
de propaganda do mundo. São
2.000 escritórios em 107 países, com mais de 135 mil empregados e US$ 15 bilhões em
faturamento. No grupo, estão
agências como JWThompson,
Ogilvy e Hill&Knowlton. Considerado um visionário, Sorrell
recebeu a Folha no hotel Carlton, em Cannes.
FOLHA - Como ficará o mercado de
publicidade após a crise?
MARTIN SORRELL - Eu bem que
gostaria de saber [risos]. Steve
Ballmer [presidente da Microsoft] afirmou que o mercado de
publicidade, em relação ao PIB,
será igual ou menor no futuro.
Acho que será igual ou maior.
Depende do que você define como publicidade. Se envolver
propaganda e serviços de marketing, como construção tradicional de marca, mídia, relações públicas, pesquisas de
mercado, áreas digitais interativas, internet, entre outras, será definitivamente maior.
Certamente, esse mercado
vai crescer no Brasil, na América Latina, na Ásia, na Europa
Central e do Leste, na África e
no Oriente Médio. A visão de
Steve é mais americana, de um
mercado maduro. Nos Brics e
no que chamamos de os próximos 11 [mercados emergentes],
que respondem por 27% dos
nossos negócios, os resultados
vão crescer. A Europa Ocidental vai ficar estável, e nos EUA
talvez cresçam um pouco.
FOLHA - Sua estratégia de diversificação é regional?
SORRELL - Temos três estratégias de crescimento. Uma é de
novos mercados, que respondem por quase 30% do faturamento. Outra são novas mídias,
que equivalem a 25% dos US$
15 bilhões que faturamos ao
ano. E, finalmente, entendimento do consumidor. São US$
4 bilhões de pesquisas. Dados
sobre consumidores são cada
vez mais importantes.
FOLHA - Se no longo prazo a área
vai crescer, como será no curto?
SORRELL - Este ano será muito
difícil. No primeiro trimestre,
tivemos baixa de 5,8% nos negócios, mas a América Latina
teve alta. Em abril e em maio,
houve mais pressão na região,
mas ainda está estável. Esperamos que o Brasil, neste ano, tenha desempenho estável ou pequena queda. O México, apesar
da gripe suína, está indo bem. A
Colômbia também, e a Argentina está incrivelmente forte.
Crescemos dois dígitos por lá,
talvez por causa das eleições.
A posição do Brasil no mundo está muito mais forte. Apesar de no curto prazo ser difícil,
vamos ver um pouco de recuperação em janeiro de 2010. Vai
parecer um pouco melhor porque, na comparação com o ano
anterior, a base vai ser fraca.
FOLHA - No Brasil, a mídia tradicional segue muito forte. Quanto tempo isso vai durar?
SORRELL - O Brasil é um mercado dominado pela televisão,
mas celulares, PCs e a penetração da internet estão ficando
mais importantes. Jornais e revistas sentirão cada vez maior
pressão das comunidades on-line e das redes sociais. O Brasil
irá se tornar semelhante aos
mercados maduros.
FOLHA - As empresas de tecnologia
vão avançar na comunicação?
SORRELL - No ano passado, recebi num painel Google, Microsoft, Yahoo e AOL. As empresas
de tecnologia ainda não entenderam -ou não querem aceitar- que são empresas de mídia. Elas não são diferentes, na
nova área de mídia, de NewsCorp, Viacom, CBS ou Disney.
São atores da mídia.
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