São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Sem alta do PIB, dívida pública pode explodir

DE NOVA YORK

A recuperação da economia norte-americana em 2010 é imprescindível para que os EUA não enfrentem uma nova explosão de seu endividamento e acabem deteriorando a confiança dos países que hoje financiam seu déficit externo.
Entre este ano e o próximo, o endividamento público dos EUA saltará dos já sem precedentes US$ 6,3 trilhões para US$ 10 trilhões, o equivalente a quase oito PIBs do Brasil, segundo projeções oficiais.
Caso a economia não reaja com força no ano que vem, 2011 voltará a trazer uma série de forças negativas sobre a evolução do PIB dos EUA.
Segundo o Comitê de Orçamento do Congresso, do atual pacote de estímulo fiscal (de US$ 787 bilhões) cerca de US$ 400 bilhões estarão sendo injetados na economia no próximo ano fiscal, entre outubro de 2010 e setembro de 2011. Já para o ano fiscal de 2011, apenas US$ 130 bilhões do pacote de estímulo estarão sendo aplicados na economia.
Segundo projeções do Conselho Econômico da Casa Branca, isso implicará uma contração do PIB de cerca de dois pontos percentuais (na comparação com 2010, que terá um estímulo fiscal maior). Ou seja, a economia terá de se mover e crescer "com suas próprias pernas" e não depender tanto de estímulos estatais.
"Se tudo der certo, a demanda privada terá crescido o suficiente para compensar a diferença [de dois pontos a menos no PIB em 2011]. Caso contrário, a política de estímulo fiscal terá de ser mantida por mais tempo", afirma Christina Romer, consultora econômica da Casa Branca.
Nesse cenário, os EUA continuariam a aumentar os gastos públicos em meio a uma arrecadação de impostos muito fraca. Isso levaria a um rápido e novo aumento de sua dívida pública. E, possivelmente, dos juros pagos por títulos do Tesouro para atrair investidores dispostos a financiar o país.
Cada ponto percentual de aumento na taxa de juros paga pelos "T-Bonds" norte-americanos representa um aumento de US$ 50 bilhões na dívida (o equivalente a um quarto das reservas em dólares do Brasil).
Além disso, esse cenário aprofundaria a desconfiança em relação ao dólar como reserva de valor e na própria sustentabilidade da dívida.
Na semana passada, o diretor do Grupo de Risco Soberano (que acompanha a solvência de países) da agência de classificação de risco Moody's afirmou que a nota máxima "AAA" para os títulos da dívida americana permanece "firme" -quanto melhor a nota, mais facilmente um país se financia.
Em que hipótese a classificação dos EUA seria rebaixada? "Se nossa expectativa de que o país conseguirá reduzir seu endividamento se mostrar errada ou se os EUA não puderem levantar mais dívidas a custo muito baixo", diz Pierre Cailleteau, da Moody's. (FCZ)


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