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Sem alta do PIB, dívida pública pode explodir
DE NOVA YORK
A recuperação da economia norte-americana em
2010 é imprescindível para
que os EUA não enfrentem
uma nova explosão de seu
endividamento e acabem deteriorando a confiança dos
países que hoje financiam
seu déficit externo.
Entre este ano e o próximo, o endividamento público dos EUA saltará dos já
sem precedentes US$ 6,3 trilhões para US$ 10 trilhões, o
equivalente a quase oito
PIBs do Brasil, segundo projeções oficiais.
Caso a economia não reaja
com força no ano que vem,
2011 voltará a trazer uma série de forças negativas sobre
a evolução do PIB dos EUA.
Segundo o Comitê de Orçamento do Congresso, do
atual pacote de estímulo fiscal (de US$ 787 bilhões) cerca de US$ 400 bilhões estarão sendo injetados na economia no próximo ano fiscal,
entre outubro de 2010 e setembro de 2011. Já para o ano
fiscal de 2011, apenas US$
130 bilhões do pacote de estímulo estarão sendo aplicados na economia.
Segundo projeções do
Conselho Econômico da Casa Branca, isso implicará
uma contração do PIB de
cerca de dois pontos percentuais (na comparação com
2010, que terá um estímulo
fiscal maior). Ou seja, a economia terá de se mover e
crescer "com suas próprias
pernas" e não depender tanto de estímulos estatais.
"Se tudo der certo, a demanda privada terá crescido
o suficiente para compensar
a diferença [de dois pontos a
menos no PIB em 2011]. Caso contrário, a política de estímulo fiscal terá de ser mantida por mais tempo", afirma
Christina Romer, consultora
econômica da Casa Branca.
Nesse cenário, os EUA
continuariam a aumentar os
gastos públicos em meio a
uma arrecadação de impostos muito fraca. Isso levaria a
um rápido e novo aumento
de sua dívida pública. E, possivelmente, dos juros pagos
por títulos do Tesouro para
atrair investidores dispostos
a financiar o país.
Cada ponto percentual de
aumento na taxa de juros paga pelos "T-Bonds" norte-americanos representa um
aumento de US$ 50 bilhões
na dívida (o equivalente a um
quarto das reservas em dólares do Brasil).
Além disso, esse cenário
aprofundaria a desconfiança
em relação ao dólar como reserva de valor e na própria
sustentabilidade da dívida.
Na semana passada, o diretor do Grupo de Risco Soberano (que acompanha a solvência de países) da agência
de classificação de risco
Moody's afirmou que a nota
máxima "AAA" para os títulos da dívida americana permanece "firme" -quanto
melhor a nota, mais facilmente um país se financia.
Em que hipótese a classificação dos EUA seria rebaixada? "Se nossa expectativa de
que o país conseguirá reduzir
seu endividamento se mostrar errada ou se os EUA não
puderem levantar mais dívidas a custo muito baixo", diz
Pierre Cailleteau, da
Moody's.
(FCZ)
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