São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2000


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PETRÓLEO
Com acerto de US$ 1 bi, estatal brasileira ganha refinaria e 700 postos
Sai acordo Petrobras e Repsol-YPF

GUSTAVO CHACRA
DE BUENOS AIRES

A Petrobras e a empresa hispano-argentina Repsol-YPF chegaram a um acordo sobre troca de ativos de mais de US$ 1 bilhão, que permitirá à estatal brasileira ingressar com mais força no mercado argentino.
Segundo o acerto, divulgado ontem em Madri -sede da Repsol-YPF-, a Petrobras receberá os ativos EG3 da empresa hispano-argentina, que correspondem a uma refinaria em Baía Blanca (centro-sul argentino), com capacidade de produção de 30,5 mil barris por dia, e 700 postos de combustível na Argentina.
A Repsol-YPF, em troca, receberá 30% de participação na refinaria Refap, com produção de 188 mil barris por dia -cerca de 60 mil, portanto, corresponderão aos argentinos-, 300 postos de combustível, com vendas estimadas em 480 milhões de litros por ano, e 10% da plataforma de Albacora Leste, na bacia de Campos, no Estado do Rio de Janeiro.
Com o acordo, a Petrobras passa a controlar a quarta empresa de refino de petróleo e venda de combustíveis na Argentina, com uma cota de 12% do mercado.
A Repsol-YPF, por sua vez, expande ainda mais seus negócios no Brasil. Além dos ativos que receberá na troca com a Petrobras, a empresa hispano-argentina possui uma rede de postos de combustíveis que vende 200 milhões de litros por ano e distribui, por meio da empresa Gás Natural, gás para 600 mil clientes no Rio.
Além disso, a Repsol-YPF exporta gás para a usina termoeléctrica de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Está construindo também um gasoduto, em parceria com a Petrobras, de 615 km que irá de Uruguaiana até Porto Alegre (RS).
As duas empresas decidiram também que construirão conjuntamente duas centrais termoeléctricas de potência de 500 MW cada uma. A primeira delas será erguida no Estado de São Paulo e a outra em um lugar a ser definido, também no Brasil.

Autorização
A troca de ativos entre as duas empresas depende ainda de autorização do governo argentino. No entanto não deverá haver entraves, pois foi o próprio governo que, por meio de acordo, obrigou a Repsol-YPF a se desfazer de parte de seus ativos na Argentina.
A YPF, que era estatal até 1993, foi vendida para a Repsol, ex-estatal espanhola, naquele ano. Até o acordo com a Petrobras assinado ontem, possuía 59% do mercado argentino.
Decisão do governo argentino, para aumentar a concorrência interna no país, determinou que a Repsol-YPF deveria se desfazer de 11% do seus postos de gasolina e 4% do refino do petróleo. A saída para a empresa acabou sendo o acordo com a Petrobras, pois, se por um lado perderia ativos na Argentina, por outro ganharia no Brasil.
O presidente do grupo hispano-argentino Repsol-YPF no Brasil, João Carlos de Luca, disse que o acordo de troca de ativos anunciado ontem com a Petrobras dá uma "base sólida" para o crescimento dos negócios da empresa no Brasil.
Já o diretor de Abastecimento da Petrobras, Albano Gonçalves, afirmou que o acordo atende aos objetivos de internacionalização da estatal brasileira.


Colaborou o FolhaNews

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