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CONTAS PÚBLICAS
Superávit primário supera em R$ 5,738 bi volume do semestre
Governo cumpre meta do FMI um mês antes do prazo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo repetiu em maio o
bom desempenho nas contas públicas e praticamente garantiu,
um mês antes, o cumprimento da
meta imposta pelo FMI (Fundo
Monetário Internacional) para o
primeiro semestre.
Nos cinco primeiros meses deste ano, a União, os Estados, os
municípios e as empresas estatais
economizaram R$ 21,913 bilhões
em seus orçamentos para o pagamento de juros da dívida pública.
Essa economia, que, entre os
economistas, é conhecida como
superávit primário do setor público, supera em R$ 5,738 bilhões a
meta do FMI para o semestre, que
foi estabelecida em R$ 16,175 bilhões.
A obtenção do superávit primário é considerada um dos mais
importantes pontos do acordo estabelecido com o Fundo Monetário Internacional, que obriga o
governo a pagar parte dos juros
da dívida com dinheiro de seu Orçamento para evitar que o débito
do setor público cresça de forma
insustentável.
Juros
Dívidas crescentes tendem a
causar desconfiança entre investidores estrangeiros, a provocar alta das taxas de juros e a tornar o
país mais vulnerável a crises internacionais.
O objetivo final do acordo é que,
em 2001, a dívida da União, dos
Estados, dos municípios e das
empresas estatais fique estável em
46,5% do PIB (Produto Interno
Bruto, soma das riquezas produzidas no país).
Apesar do bem sucedido esforço fiscal neste início de ano, entretanto, a dívida pública brasileira
registrou pequena expansão no
período.
Em maio passado, esse débito
encontrava-se em 47,4% do Produto Interno Bruto, percentual
maior que os 46,9% do PIB registrados em dezembro de 1999.
Encargos
Quando medido em reais, o débito também registrou crescimento. O débito passou de R$
407,810 bilhões para R$ 429,466
bilhões, entre dezembro de 1999 e
maio passado.
O débito aumentou principalmente porque os gastos com juros
das dívidas interna e externa da
União, dos Estados, dos municípios e das empresas estatais foram
maiores do que os governos economizaram para pagá-los.
Os encargos das dívidas somaram R$ 33,236 bilhões no período,
enquanto o superávit primário
somou R$ 21,913 bilhões.
A diferença, de R$ 11,323 bilhões, foi incorporada à dívida
pública.
Esse tipo de aumento de dívida
é chamado pelos economistas de
déficit nominal do setor público.
Apesar da ligeira alta, entretanto, a dívida está mais baixa do que
o esperado.
O acordo com o Fundo Monetário Internacional projetava um
débito equivalente a 52,4% do PIB
em maio, mas o número ficou
bem mais baixo porque a cotação
do dólar está sendo mais favorável que o previsto.
Para aproximar a dívida a 46,5%
do Produto Interno Bruto, o acordo com o FMI prevê um superávit
primário de R$ 38,4 bilhões neste
ano.
Esse número é provisório e deve
ser revisto para baixo pela missão
do Fundo Monetário Internacional que está no país.
Em maio, o superávit primário
ficou em R$ 4,638 bilhões, o melhor resultado já registrado para o
mês desde 1991, quando o Banco
Central adotou a atual metodologia para o indicador.
O governo federal respondeu
pela maior parte do superávit,
com uma economia de R$ 3,189
bilhões no mês.
Estados
Os Estados também registraram
um bom resultado, com uma economia de R$ 808 milhões.
A maior parte desse superávit se
deve à receita da concessão do direito de explorar serviços de gás
em São Paulo, que rendeu R$ 500
milhões.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse que os Estados
estão sendo favorecidos também
pela retomada do crescimento
econômico, que vem expandindo
a receita do ICMS.
Apesar do bom resultado primário, o desempenho fiscal do
governo ainda está fora dos padrões considerados aceitáveis.
O déficit nominal ficou em
4,19% do PIB nos 12 meses encerrados em maio, e a expectativa de
Lopes é que o número feche em
3,8% do PIB em dezembro próximo.
Para admitir membros à União
Européia, por exemplo, o Tratado
de Maastricht (1992) estabeleceu
que o déficit nominal máximo
dos países fosse de 3% do Produto
Interno Bruto.
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