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ENERGIA
Para órgão do Ministério da Justiça, contratos de concessão de gás ameaçam consumidor e livre concorrência
SDE sugere cancelamento de privatização
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A SDE (Secretaria de Direito
Econômico) recomendou a revisão das privatizações da CEG
(Companhia Estadual de Gás) e
da CEG Rio, companhias de gás
que atuam no Estado do Rio de
Janeiro.
Isto é, a SDE, ligada ao Ministério da Justiça, sugeriu o cancelamento dessas privatizações caso
não sejam corrigidos alguns problemas. O assunto ainda será examinado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que tem a palavra final sobre
o assunto.
Na análise do ato de concentração do poder econômico no setor
em que as ex-estatais atuavam, a
secretaria concluiu que os contratos de concessão adotados pelo
governo estadual na privatização
dos serviços de distribuição de gás
natural ferem o princípio da livre
concorrência.
Para a SDE, isso pode trazer prejuízos para os consumidores residenciais e os grandes compradores industriais. Na avaliação da secretaria, foram encontrados quatro problemas nos contratos:
1) Não há separação entre as atividades de distribuição e comercialização do gás. Isso impede que
o consumidor seja livre para escolher um dos serviços.
2) As condições oferecidas pelas
empresas aos grandes consumidores faz com que se torne economicamente inviável a compra de
gás canalizado direto do produtor.
3) Não existem critérios na definição da tarifa e nem relação disso
com o aumento de eficiência da
empresa. Tais critérios tornariam
possível que os ganhos com aumento de produtividade fossem
repassados aos preços -isto é,
permitiriam preços mais baixos.
4) Indexação indevida das tarifas, que são reajustadas pelo IGP-M. Isso poderia gerar grandes aumentos no preço do gás e está em
desacordo com a política do governo.
Embora a SDE afirme isso, as
empresas de telecomunicações
que foram privatizadas têm os
preços reajustados pelo mesmo
índice, mas há um plano de revisão previsto nos próximos anos.
As tarifas serão alteradas com
base no fator de ajuste de produtividade. É exatamente esse o mecanismo que a Secretaria de Direito Econômico sugere que a CEG e
a CEG Rio passem a adotar. A secretaria ainda recomenda outras
mudanças nos contratos de concessão das companhias no processo de revisão das privatizações.
Também há a recomendação de
que haja separação das tarifas de
distribuição e comercialização de
gás canalizado, com formas de
cálculos distintas para cada uma
delas.
Outro lado
A assessoria de imprensa da
CEG e da CEG Rio (antiga Rio
Gás) informou ontem no início da
noite que a empresa só irá se pronunciar depois de receber o despacho oficial da Secretaria de Defesa Econômica.
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