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VEÍCULOS
No primeiro semestre foram vendidas 275,83 mil unidades, diz a Abraciclo; setor prevê vender 1 milhão em quatro anos
Vendas de motos batem novos recordes
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca se vendeu tantas motos
no Brasil. A enorme procura desses veículos por motoboys, os garotos de entrega de encomendas
nas grandes cidades, e dos mototáxis, rapazes que levam na garupa passageiros, foi uma dos motivos que levaram as vendas do primeiro semestre deste ano a atingir
o recorde histórico de 275,83 mil
unidades.
O desempenho, segundo dados
da Abraciclo (associação dos fabricantes de motos), é 23,7%
maior que as vendas do mesmo
período de 99. Motivos para tanto
sucesso não faltam. O preço médio desse tipo de veículo fica em
torno de R$ 3.000 -cerca de um
quarto do valor dos carros mais
baratos no Brasil.
A demanda por mobilidade d
"Estamos batendo recorde sobre
recorde. Os meses de fevereiro,
abril e maio registraram vendas
sucessivamente maiores", diz o
secretário-executivo da entidade,
Jorge Ubirajara Proença
Junho só não superou as marcas
devido aos feriados e às vésperas
das férias, quando as pessoas já
têm planejados seus gastos de viagem", disse Proença. No mês passado, foram vendidas 46,08 mil
motos, contra 53,06 mil em maio.
Outro motivo que tem facilitado
as vendas das motocicletas são os
consórcios. Em alguns modelos, o
sistema de compra em parcelas,
com sorteio mensal de unidades
para os participantes, chega a representar 60% dos negócios. "Isso
facilita muito. O cliente paga uma
parcela de R$ 50 todos os meses e
pode ter uma moto em pouco
tempo", lembrou Proença.
Uma mão na roda para um país
onde a renda "per capita" é baixíssima.
População motorizada
Para ter uma idéia da febre de
procura por motocicletas, estimativas do setor apontam que somente na Grande São Paulo existam 160 mil motoboys.
Os garotos podem não ser a felicidade dos motoristas de carros,
que se sentem ameaçados por
uma legião de motoqueiros que
passa em alta velocidade entre as
filas de automóveis no trânsito.
Mas os industriais do setor são só
sorrisos para essa clientela.
A demanda por motos é tamanha que a Abraciclo prevê que o
ano feche com o recorde de 500
mil unidades vendidas, contra
441,53 mil de 99 e dos 460,12 mil
de 98.
Nada mal em comparação com
os problemas que a indústria de
automóveis enfrenta no Brasil.
Depois dos inéditos 2 milhões de
carros vendidos em 1997, o setor
sofreu um baque com a saturação
das compras a prazo e com a desvalorização do real. Para este ano,
a expectativa das montadoras é
fechar com vendas em torno de
1,5 milhão de unidades.
Caso esses números se concretizem, as motocicletas vão passar a
representar um quarto das vendas de veículos destinados basicamente para passageiros no país.
Mas a indústria de motos sonha
alto, muito alto. Dentro de quatro
anos, quer atingir a marca anual
de 1 milhão de unidades vendidas.
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