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BC espera queda lenta do juro
bancário
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros bancários não devem
sofrer reduções muito significativas, pelo menos por enquanto, na
avaliação do Banco Central. Segundo o BC, fatores como a estabilidade da taxa básica da economia (Selic) e a demora na aprovação de reformas como a da Lei de
Falências vão fazer com que os
empréstimos continuem caros
por mais algum tempo.
Entre maio e junho, os juros
médios cobrados pelos bancos
passaram de 44,2% ao ano para
44%. No caso dos financiamentos
oferecidos às pessoas físicas, a taxa permaneceu estável em 62,4%
ao ano. Para as empresas, houve
um pequeno recuo, de 30% ao
ano para 29,7%.
"Estamos chegando às menores
taxas da série histórica. A partir
daí, os movimentos de queda são
um pouco menores", afirmou ontem o chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes.
De acordo com ele, os juros cobrados hoje pelos bancos estão
entre os mais baixos já registrados
desde que o BC começou a fazer
esse acompanhamento, há dez
anos. Os juros de 62,4% cobrados
nos empréstimos a pessoas físicas, por exemplo, são os menores
já registrados desde 1994, embora
estáveis em relação a maio.
"Os juros podem cair mais. Vão
cair. Mas não tão significativamente", disse Lopes. "Mesmo
com a melhora de cenário, o espaço que haveria para uma redução
no custo de captação [dos bancos] vai se reduzindo."
Entre janeiro de 2003 a junho de
2004, os juros cobrados, em média, pelos bancos passaram de
54,2% ao ano para 44%. Nesse
mesmo período, a taxa Selic caiu
de 25% ao ano para 16%, depois
de ter chegado a 26,5%. Desde
abril, porém, ela permanece inalterada. A Selic é praticada em
operações fechadas entre o BC e
os bancos e, por isso, acaba servindo de referência para os demais empréstimos concedidos
pelo sistema financeiro.
Segundo levantamento feito pelo BC com cem analistas de mercado, a expectativa é que a Selic só
volte a ser reduzida em outubro,
e, ainda assim, o corte deve ser de
apenas 0,25 ponto percentual.
Outros fatores que influenciam
nos juros bancários, como a cotação do dólar, também não devem
registrar quedas no curto prazo.
De acordo com a pesquisa do BC,
a taxa de câmbio deve fechar 2004
em R$ 3,10.
Lei de Falências
Seguindo o discurso do governo, Lopes afirma que reduções
expressivas nos juros bancários
devem ocorrer com a aprovação
de medidas que tramitam no
Congresso, como a nova Lei de
Falências. Com as mudanças na
legislação, ficará mais fácil para os
bancos recuperarem o dinheiro
emprestado a empresas que quebrarem, o que permite uma redução nos juros.
A inadimplência é outro fator
que influencia os juros. Segundo
os bancos, as taxas são mais elevadas quando o risco de atraso no
pagamento é maior.
Em junho, 7,2% dos empréstimos ofertados pelos bancos eram
pagos com atraso. Em janeiro, a
proporção estava em 8%. A inadimplência é de 13% entre pessoas físicas e 3,4% entre empresas.
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