São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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BC espera queda lenta do juro bancário

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros bancários não devem sofrer reduções muito significativas, pelo menos por enquanto, na avaliação do Banco Central. Segundo o BC, fatores como a estabilidade da taxa básica da economia (Selic) e a demora na aprovação de reformas como a da Lei de Falências vão fazer com que os empréstimos continuem caros por mais algum tempo.
Entre maio e junho, os juros médios cobrados pelos bancos passaram de 44,2% ao ano para 44%. No caso dos financiamentos oferecidos às pessoas físicas, a taxa permaneceu estável em 62,4% ao ano. Para as empresas, houve um pequeno recuo, de 30% ao ano para 29,7%.
"Estamos chegando às menores taxas da série histórica. A partir daí, os movimentos de queda são um pouco menores", afirmou ontem o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
De acordo com ele, os juros cobrados hoje pelos bancos estão entre os mais baixos já registrados desde que o BC começou a fazer esse acompanhamento, há dez anos. Os juros de 62,4% cobrados nos empréstimos a pessoas físicas, por exemplo, são os menores já registrados desde 1994, embora estáveis em relação a maio.
"Os juros podem cair mais. Vão cair. Mas não tão significativamente", disse Lopes. "Mesmo com a melhora de cenário, o espaço que haveria para uma redução no custo de captação [dos bancos] vai se reduzindo."
Entre janeiro de 2003 a junho de 2004, os juros cobrados, em média, pelos bancos passaram de 54,2% ao ano para 44%. Nesse mesmo período, a taxa Selic caiu de 25% ao ano para 16%, depois de ter chegado a 26,5%. Desde abril, porém, ela permanece inalterada. A Selic é praticada em operações fechadas entre o BC e os bancos e, por isso, acaba servindo de referência para os demais empréstimos concedidos pelo sistema financeiro.
Segundo levantamento feito pelo BC com cem analistas de mercado, a expectativa é que a Selic só volte a ser reduzida em outubro, e, ainda assim, o corte deve ser de apenas 0,25 ponto percentual.
Outros fatores que influenciam nos juros bancários, como a cotação do dólar, também não devem registrar quedas no curto prazo. De acordo com a pesquisa do BC, a taxa de câmbio deve fechar 2004 em R$ 3,10.

Lei de Falências
Seguindo o discurso do governo, Lopes afirma que reduções expressivas nos juros bancários devem ocorrer com a aprovação de medidas que tramitam no Congresso, como a nova Lei de Falências. Com as mudanças na legislação, ficará mais fácil para os bancos recuperarem o dinheiro emprestado a empresas que quebrarem, o que permite uma redução nos juros.
A inadimplência é outro fator que influencia os juros. Segundo os bancos, as taxas são mais elevadas quando o risco de atraso no pagamento é maior.
Em junho, 7,2% dos empréstimos ofertados pelos bancos eram pagos com atraso. Em janeiro, a proporção estava em 8%. A inadimplência é de 13% entre pessoas físicas e 3,4% entre empresas.


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