São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2005

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TRABALHO

Contingente de mulheres com mais de 60 anos em atividade teve aumento de 15% entre 92 e 2003, aponta pesquisa

Renda menor adia aposentadoria feminina

Rogério Cassimiro - 21.set.04/Folha Imagem
Atendente em rede de fast-food de shopping em São Paulo


CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE

Apesar de poderem já se aposentar, as mulheres com 60 anos ou mais estão voltando para o mercado de trabalho no Estado de São Paulo. Pesquisa divulgada ontem pela Fundação Seade mostra que o empobrecimento da renda familiar fez com que a participação de mulheres nessa faixa etária no mercado crescesse 15% de 1992 para 2003.
No mesmo período, a participação no mercado de mulheres incluídas na faixa de 17 a 39 anos evoluiu 17,3%. Ou seja, a expansão da participação das mais velhas no mercado de trabalho ocorreu quase que na mesma proporção das mais jovens. A diferença é que parte das mulheres incluídas na faixa de 17 a 39 anos está ingressando no mercado de trabalho pela primeira vez. E as maiores de 60 anos já poderiam teoricamente estar aposentadas.
A analista de mercado de trabalho do Seade, Guiomar de Haro Aquilini, disse que a informação sobre o crescimento de participação das maiores de 60 anos é preocupante. "Estudos da década de 70 já sinalizavam que, quanto menor a taxa de participação dessas pessoas, mais desenvolvidos são os países."
Para as mulheres que têm idade entre 40 e 59 anos, o crescimento da participação de mercado foi ainda mais expressivo: 30% de 1992 para 2003, de acordo com o levantamento.
Segundo a Fundação Seade, o avanço nessa faixa etária se deve, entre outros motivos, pelo aumento da escolaridade verificado nas trabalhadoras.
O Seade informou que em 2003 metade das mulheres em idade ativa estava no mercado de trabalho, como ocupada ou então como desempregada; contra uma participação de 70% dos homens. "Os homens estão há mais tempo no mercado e tradicionalmente têm uma participação grande", afirma Aquilini.

Renda
O estudo revelou ainda que as mulheres aposentadas continuam tendo uma remuneração bem menor do que a dos homens. Em 2003, o valor mediano das aposentadorias das mulheres era metade do valor recebido pelos homens. Enquanto os trabalhadores do sexo masculino ganharam R$ 533,12, as mulheres receberam R$ 266,56.
Para a pesquisadora Maria Luz Prada Mato, analista da Fundação Seade, o valor da aposentadoria explica o retorno das mulheres maiores de 60 anos para o mercado de trabalho. "Elas precisam trabalhar para ampliar o valor da aposentadoria. A situação é muito preocupante", afirma.
A pesquisa revelou ainda as diferenças do nível de instrução entre aposentados em atividade. Na faixa etária de 60 anos ou mais, 63,9% das aposentadas eram analfabetas ou tinham ensino fundamental incompleto, ante 66,1% de homens na mesma situação. Já 46,8% das aposentadas ativas entre 40 e 59 anos tinham curso superior completo, enquanto que essa proporção era de apenas 18,5% entre homens, no ano de 2003.


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