São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

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EUA serão "flexíveis" em subsídios, diz Bush

No Congresso americano, senador pede saída do Brasil de sistema de preferências

México também critica brasileiros e diz que país foi culpado por paralisação da Rodada Doha; Lamy pede fim de "jogo da culpa"

DA REDAÇÃO

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, falou ontem sobre a Rodada Doha de liberalização do comércio, que está paralisada, pedindo concessões de outros países para destravar as negociações.
"Eu creio nas relações comerciais. Mas também creio em relações comerciais que abram os mercados de outros países como nós abrimos o nosso, isso é o que eu apóio", disse.
Bush disse que pediu a Susan Schwab, representante comercial dos EUA, que visitará o Brasil neste final de semana para tentar destravar a rodada, que mostre "flexibilidade".
"Ela deve participar de reuniões com um espírito flexível, particularmente no que diz respeito a nossos subsídios agrícolas", afirmou o presidente.
O diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, também fez um apelo para que os países da organização parem de culpar uns aos outros pelo fracasso das negociações.
"Eu pediria a todos os membros que evitem o famoso "jogo da culpa" e, em vez disso, usem esse período de reflexão para uma reflexão séria e sóbria do que está em jogo aqui", disse.
Os EUA e a UE têm trocado acusações sobre a rodada. A UE diz que os EUA são culpados pelo fracasso porque não cederam, enquanto os EUA dizem que negociariam mais concessões se houvesse propostas.

Críticas ao Brasil
Apesar da promessa de Bush de flexibilidade nas negociações, o presidente enfrenta resistência a maiores concessões do Congresso de seu país.
O senador republicano de Iowa (região produtora de milho) Charles Grassley, do comitê de finanças do Senado, disse ontem que os EUA deveria cancelar o SGP (Sistema Geral de Preferências) para países como Brasil e Índia. Esse mecanismo permite que países exportem produtos sem taxas aos EUA.
"Por que deveríamos continuar dando tratamento preferencial e especialmente a países como Índia e Brasil, que usam a maior parte do SGP?"
Ele defende que os países percam o direito ao sistema porque não quiseram abrir seus mercados a produtos industriais e serviços dos Estados Unidos. "Neste momento, nada de renovação do SGP. Se eu mudar de idéia, com certeza não vou incluir o Brasil e a Índia", afirmou o senador.
O chanceler mexicano, Luiz Ernesto Derbez, criticou ontem a posição do Brasil na rodada. "A posição que o Brasil defendeu fez com que não avançássemos. Foram eles que, até certo ponto, levaram a uma posição que, infelizmente, não ganhou nem obteve resultados."


Com agências internacionais


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