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Brasil tem vitória contra os EUA na OMC
País poderá pedir retaliação de até US$ 4 bilhões por causa dos subsídios ao algodão, mas decisão ainda não é final
Itamaraty comemora e diz que decisão poderá ser estendida a outras culturas que recebem subsídios nos EUA, como soja e milho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil teve vitória em julgamento da OMC (Organização
Mundial do Comércio) que
avalia o uso de subsídio no algodão produzido nos Estados
Unidos.
A indicação foi dada pelo Itamaraty após a divulgação de relatório preliminar em Genebra
(Suíça), sede da OMC. Após a
decisão final, que deve sair até
fevereiro, o governo pode pedir
retaliação de até US$ 4 bilhões
aos EUA.
O documento apresentado
ontem em Genebra dá razão ao
Brasil, que reclama que os EUA
mantêm práticas que trazem
prejuízo aos produtores nacionais. Esse comportamento foi
observado mesmo após duas vitórias brasileiras na mesma
OMC -em 2005, o governo
americano teve de mudar programas para retirar o subsídio
concedido às exportações e nas
vendas internas de algodão.
Oficialmente, o Itamaraty
não admite vitória e diz que o
processo só terá resultado final
em 1º de outubro -quando deve sair o documento final. Mas
o subsecretário-geral de assuntos econômicos do Itamaraty,
Roberto Azevedo, demonstrou
o contentamento da diplomacia brasileira com a decisão
anunciada ontem.
"Grande satisfação"
"O Brasil recebeu com grande satisfação o resultado do relatório preliminar. Mais que isso, ficamos muito satisfeitos
com o fato de que o relatório
acolhe as preocupações do Brasil quanto a insuficiência das
medidas anteriores", disse.
Após o relatório final, Brasil e
EUA podem entrar com recurso contra a decisão. O julgamento deve ser implementado
depois de fevereiro de 2008.
Azevedo sinalizou que, se a
decisão final for mantida a favor dos produtores nacionais, o
Brasil vai retomar o pedido de
retaliação contra os EUA pelo
prejuízo causado pelos subsídios. Na proposta original, os
diplomatas brasileiros pediram
ressarcimento de US$ 4 bilhões.
Desse valor, US$ 3 bilhões se
referem ao uso de subsídios nas
exportações e US$ 1 bilhão aos
programas de incentivo às vendas internas. As características
principais do pedido de ressarcimento, sinalizou Azevedo,
devem ser mantidas, inclusive
o valor em questão.
Para o governo brasileiro, o
relatório preliminar da OMC
pode significar mais que uma
vitória apenas na questão do algodão. O fato de os EUA usarem esses mesmos programas
em outras culturas pode abrir
espaço para vitórias do Brasil
em outras disputas comerciais.
"Isso tem implicações muito
grandes. Não é só no algodão
porque foram questionados
programas que tratam de outras culturas", disse Azevedo.
Segundo o Itamaraty, ações semelhantes são vistas na produção das principais commodities
nos EUA, principalmente arroz, cevada, milho e soja.
Independentemente da decisão final, o diplomata diz que o
relatório preliminar -que também foi entregue aos representantes dos EUA- já dá indicações aos americanos para o
comportamento considerado
correto pela OMC. "O Brasil
quer que se cumpra [o fim dos
subsídios] ontem", disse.
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