São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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Brasil dá mais retorno, diz fundo dos EUA

Títulos da dívida pública são mais rentáveis, afirma o responsável por emergentes do Legg Mason, que administra US$

Investidores do Japão mostram ter um apetite particularmente alto pelos papéis brasileiros, segundo o economista do fundo


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com quase US$ 1 trilhão em recursos administrados no mundo, o gigante americano Legg Mason é um dos estrangeiros que mais apostam no Brasil e muito antes de o país se tornar grau de investimento. Para o economista Keith Gardner, responsável por mercados emergentes da Western Asset/Legg Mason, o Brasil é o país em desenvolvimento que oferece o maior retorno financeiro para as aplicações em títulos da dívida pública, especialmente após o pico inflacionário que levou o BC a apertar ainda mais a política de juros. "O Brasil é o país em que mais estamos expostos no mundo. Mais do que qualquer um da Ásia", disse. Para Gardner, investidores do Japão mostram um apetite particularmente alto pelos papéis brasileiros. Leia a seguir os principais trechos da entrevista por telefone à Folha.

 

FOLHA - O Brasil acerta em sua política de controle de preços?
KEITH GARDNER
- A inflação preocupa e não só no Brasil. Mas o que vemos aqui é um compromisso do Banco Central de que vai fazer tudo o que for preciso para manter a estabilidade e controlar as expectativas dos agentes econômicos. Há muita credibilidade em torno dessas políticas.

FOLHA - O grau de investimento alterou a visão que os investidores internacionais tinham do país?
GARDNER
- Os investidores estrangeiros já tinham acordado para a realidade do Brasil e para o potencial de desenvolvimento de seu mercado consumidor. Agora vai atrair também um outro investidor, que talvez ficasse fora do país.

FOLHA - Mas a Western Asset sentiu aumento de interesse?
GARDNER
- Nossos clientes não nos pediram para investir diretamente em títulos da dívida brasileira em moeda local. Como gestor de investimentos, a Western Asset teve a determinação de que os títulos da dívida interna brasileira são um investimento muito atraente para um portfólio de renda fixa.

FOLHA - O quanto a crise internacional prejudicou o bom momento do mercado brasileiro?
GARDNER
- A crise diminui a liquidez e o apetite ao risco. Quem perdeu dinheiro precisa recompor seu caixa e vende o que tem mais liquidez, inclusive no Brasil. Mas há um dinheiro que busca retorno com baixo risco, e o Brasil tem isso. É o país em que mais estamos expostos no mundo. Mais do que qualquer um da Ásia.

FOLHA - De onde vem o dinheiro estrangeiro interessado em investir no Brasil? Os fundos soberanos teriam interesse em ativos brasileiros?
GARDNER
- Vimos um particular interesse do Japão nos mercados emergentes de renda fixa, como o de títulos da dívida interna brasileira. Os japoneses estão sendo atraídos pelo retorno significantemente maior das taxas de juros nos emergentes em comparação com aos títulos de seu próprio mercado de renda fixa. Acreditamos que os fundos soberanos vão achar os mercados emergentes de renda fixa atraentes porque geralmente têm altas rentabilidades, além da melhora nos fundamentos de suas economias.

FOLHA - Uma desaceleração maior no crescimento mundial, englobando a China, poderá derrubar os preços do petróleo?
GARDNER
- Sim, um crescimento menor no mundo poderá ter um efeito corretivo nos preços do petróleo. Como a China aumentou dramaticamente seu consumo de energia, ela também poderá acelerar esse processo. No entanto, apesar de uma esperada desaceleração na China, o país ainda deverá crescer em um nível altíssimo.


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